No inverno, com temperaturas mais baixas, as pessoas sentem menos sede e tendem a tomar menos água. A consequência disso é o aumento do risco de problemas renais.
“Essa queda na ingestão de água pode predispor para uma infecção urinária, principalmente entre os idosos, porque eles têm uma queda maior desta percepção de sede naturalmente”, explica a médica nefrologista Caroline Reigada.
Ela recomenda a ingestão de ao menos 35 mil de água por quilo de peso corporal por dia, o que equivale a entre 2 e 3 litros por dia. A especialista alerta que a hidratação deficiente pode provocar problemas não apenas em órgãos como rins e bexiga, mas em todo o organismo. “Todas as células do corpo precisam estar no que a gente chama de homeostase, ou seja, o equilíbrio de todo o sistema”, esclarece.
Alteração no aspecto, cor e odor da urina
A especialista explica que as características da urina podem indicar se há problemas no aparelho urinário. “Quando a pessoa está desidratada, a urina fica mais concentrada, mais amarela. O normal é a urina bem clara, quase transparente, observa. “É preciso observar a quantidade de vezes que se vai ao banheiro por dia, muitas vezes a pessoa vai poucas vezes ao banheiro, porque está bebendo pouca água”.
Caroline Reigada destaca que alterações nas cores podem indicam problemas no aparelho urinário.
Avermelhada ou rosada- Significa que há sangue na urina, que pode vir da bexiga devido a uma infecção urinária, ou da próstata, uma prostatite ou até mesmo câncer. “Todo tabagista tem que ficar atento se sai sangue na urina, porque o fumo aumenta o risco de câncer na bexiga. A nefrologista ressalta que a ingestão de alguns alimentos, como beterraba e amora, também podem provocar alteração na cor da urina, mas isso não significa que seja um problema.
Esverdeada- Muito comum em pacientes de UTI, por causa de medicações ou mesmo devido a um infecção urinária, principalmente por causa de um germe chamado pseudomonas. A urina esverdeada ou azulada pode indicar o consumo em excesso de alimentos ricos em cálcio.
Amarronzada- Pode indicar problema de fígado. Muitos pacientes com hepatite ficam com a urina com cor de Coca-Cola. Outra razão é a prática exercícios físicos extenuantes, que provocam a quebra de fibras musculares, a chamada rabdomiólise.
Odor- A urina com cheiro forte pode ser provocada devido ao consumo de alimentos como aspargos, alho e café, ou mesmo ser um efeito colateral de medicamentos. Mas também pode indicar doenças como gonorreia, diabetes, câncer de bexiga e intestino, mais comum em idosos, ou doenças genéticas raras, como cistinúria e fenilcetonúria.
Urina espumosa – um dos principais sintomas de doença renal é a eliminação de proteína, principalmente paciente diabético, hipertenso descontrolado ou pacientes com doenças mais graves do rim. “A presença de proteína na urina é um sinal de alerta importante”, explica.
Diabetes
Caroline Reigada explica que o diabetes é a maior causa de doença renal crônica, que pode levar à diálise em seu último estágio. “No diabetes, há um excesso de glicose no sangue e isso faz com que o organismo fique mais oxidado. Existe um estresse oxidativo. Todas as células acabam sofrendo por causa desse excesso de glicose. Por causa disso, ocorre a perda de proteína e isso pode levar, a longo prazo, para a hemodiálise e ao transplante renal. Também pode levar à cegueira, porque pode afetar a retina. Pode levar também à neuropatia diabética, ou seja, muitos diabéticos não conseguem nem colocar os pés no chão porque não sentem. Aparecem aquelas úlceras nos pés”, explica.
A especialista desta que o diabetes é uma doença muito grave mas de fácil diagnóstico. “Se a gente fizer os exames de sangue, souber se há histórico familiar e os hábitos de vida é possível saber se tem risco de diabetes. Comer mal, não fazer exercícios físicos pode leva a diabetes”.
Alimentação e anti-inflamatórios
Segundo a nefrologista, a boa alimentação para o coração também vai ser boa para os rins. Ela recomenda a adoção de uma dieta com grande quantidade de vegetais, frutas, fibras e evitar gordura.
Caroline Reigada alerta para o uso indiscriminado de anti-inflamatórios, como diclofenato e nimesulida, pois pode provocar insuficiência renal e a necessidade de fazer diálise.
SAIBA MAIS:
A nefrologista Caroline Reigada explica quais resultados de um exame laboratorial devem ser observados para verificar o estado do aparelho urinário e fala sobre as causas do cálculo renal.