Obesidade deve ser tratada com mudança de comportamento e combate ao preconceito
A cirurgia bariátrica é uma solução para enfrentar casos mais graves de obesidade, mas deve ser evitada o máximo possível. A melhor estratégia é promover mudanças de comportamento, como a reeducação alimentar e a prática rotineira de atividades físicas.
O procedimento é recomendado em casos extremos, quando o IMC está acima de 40 kg/m². Em alguns pacientes, a obesidade não está relacionada à compulsão alimentar, mas sim a problemas endócrinos.
Doença crônica
Reconhecida pela Organização Mundial de Saúde como uma doença crônica, a obesidade também é considerada um dos principais problemas de saúde pública atualmente no mundo, em todas as faixas etárias. Isso porque a doença tem potencial de causar e agravar diversas outras como diabetes, inflamações no fígado, hipertensão arterial, problemas respiratórios, além de aumentar o risco de infarto, AVC e de alguns tipos de câncer.
Segundo a pesquisa Vigitel, realizada pelo Ministério da Saúde em 2021, 60% dos brasileiros estavam com sobrepeso e 22,35% obesos.
A conscientização da população sobre os riscos e como tratar é urgente. Dados da última pesquisa divulgada ano passado, mostram que os números relacionados à obesidade e ao sobrepeso não param de crescer no país. Quase seis em cada 10 brasileiros estavam com sobrepeso em 2021, um aumento de cerca de 2% em relação a 2019. Já o índice de obesidade ficou em 22,35% em 2021, também superior aos anos anteriores e o dobro do registrado há 15 anos. A maioria das pessoas acima do peso é do sexo masculino, mas as mulheres lideram entre os que já são considerados obesos.
Tratamento sem preconceito
O cirurgião bariátrico Cid Pitombo explica que não convidar o obeso a fazer dietas e exercícios, pois na maioria das vezes ele vai precisar de apoio profissional. “Ainda existe muito preconceito e estigma, e o paciente precisa justamente do oposto, que é apoio e compreensão, seja de médicos, da família, do seu ciclo social e da sociedade em geral”, argumenta o cirurgião bariátrico Cid Pitombo.
O diagnóstico eficiente é o primeiro passo para iniciar o atendimento, identificando as causas da obesidade. “É preciso um olhar mais amplo e considerando diferentes fatores que levam ao desenvolvimento da doença, além do perfil genético do indivíduo, como sociais e ambientais, o sedentarismo, alimentos ultraprocessados, consumo excessivo de calorias, distúrbios endócrinos, entre outros”.
Cirurgia bariátrica
Nem todo doente com sobrepeso ou obesidade apresenta comorbidades, como hipertensão e diabetes, por isso precisam de acompanhamento diferenciado. “O paciente candidato à bariátrica precisa ser muito bem avaliado por um médico, já que somente esse profissional pode definir qual é a melhor forma de abordar e tratar cada tipo de obesidade. É fundamental entender as condições clínicas e também psicológicas do paciente para sabermos se a indicação é mesmo a bariátrica e se é o melhor momento para fazê-la”, ressalta Pitombo.
Porque a bariátrica não é recomendada para todos os casos severos?
De acordo com o médico, nem todo portador de obesidade pode operar. É importante levar em conta o tempo que está com a doença, a gravidade, a resposta ao tratamento e o IMC do paciente. “Temos que avaliar a capacidade cardiopulmonar, verificar se não há doença vascular sobretudo dos membros inferiores, tem que haver controle máximo da glicemia e o psicológico tem que estar bem controlado”, diz.
Além disso, o paciente precisa estar preparado para as restrições da dieta pós-operatória, por exemplo. Ele tem que estar disposto a mudar bastante seus hábitos alimentares, principalmente no início. Até mesmo a mobilidade influencia. Temos que avaliar em que estado o paciente se encontra. Muitos precisam emagrecer para operar”, ressalta Pitombo.
“A cirurgia é complexa, porém muito segura e rápida, levando em torno de 40 minutos. É uma cirurgia, não se pode banalizar”, esclarece o médico Cid Pitombo.
Diabetes – A cirurgia bariátrica também já tem sua eficácia reconhecida para o controle do diabetes tipo 2. Após o procedimento, o alimento passa a chegar mais rapidamente ao intestino, promovendo a liberação de diversos hormônios, entre eles o GLP1. Esse hormônio age sobre o pâncreas, que, por sua vez, passa a produzir mais insulina, fazendo com que o açúcar no sangue diminua.
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