Peixe se alimenta de larvas de mosquitos que transmitem doenças como dengue, chikungunya, zika vírus e febre amarela urbana
A Secretaria de Saúde de Santos está utilizando um peixe larvófago para comer larvas de mosquitos que transmitem doenças como dengue, chikungunya, zika vírus e febre amarela urbana.
Os peixes larvófagos são usados no controle biológico para comerem as larvas dos mosquitos – não só do Aedes aegypti, mas também de pernilongos. “Colocamos principalmente em piscinas sem uso e em garagens subterrâneas”, explica a chefe técnica da Seção de Controle de Vetores (Secove), Ana Paula Favoreto.
Ela lembra que os peixes larvófagos são utilizados no combate a doenças transmitidas por mosquito desde setembro de 2018.
A importância do uso dos peixes larvógafos em Santos é ressaltada pela diretora de Vigilância em Saúde, Ana Paula Valeiras. “Eles têm contribuído no combate à infestação dos mosquitos e, consequentemente, na diminuição da quantidade de pessoas que adoecem por dengue e chikungunya”, diz. Ana Paula explica que o peixe larvófago é “um predador natural e, portanto, muito eficaz no controle das larvas. É um método a custo zero e não interfere na saúde ambiental dos locais onde são colocados”.
O que são peixes larvófagos
O primeiro grande combate dos peixes larvófagos aconteceu em setembro de 2018 e se deu em uma vala no Monumento Nacional Ruínas Engenho São Jorge dos Erasmos, na Vila São Jorge. Já em janeiro de 2019, em um espaço usado por uma oficina mecânica no Macuco para a troca de óleo de veículos. O local havia se transformado em uma grande piscina, infestada por larvas de mosquito, até que o time dos peixes entrou em ação. Pouco tempo depois, o problema estava resolvido.
Nas diversas ações realizadas no Município no combate ao Aedes, os monitores da Secove já desenvolveram um olhar direcionado para saber em que casos devem usar os peixes larvófagos. Recentemente, eles foram colocados no subsolo onde funciona a garagem de um banco, na Avenida Pinheiro Machado. No local, a bomba de sucção de água da chuva deu problema e acabou virando um piscinão. Na Nova Cintra, uma piscina que estava sem uso há quatro anos também recebeu os peixes, que medem cerca de 5 centimetros. No Jabaquara, os combatentes foram usados em uma laje repleta de água.
Segundo observa Ana Paula Favoreto, geralmente depois de uma semana de colocação dos peixes larvófagos, o resultado aparece: não há mais larvas de mosquitos no local. Ela conta que não é apenas o Aedes a vítima desses peixes. Se o local conta com larvas de pernilongos, o banquete fica mais farto para os peixinhos.
A primeira notícia que se tem dos peixes larvófagos é que eles vieram de um córrego no Morro da Nova Cintra. As espécies também são encontradas nos canais de Santos. Os peixes esperam a “convocação” da Secretaria de Saúde de Santos em um tanque no Jardim Botânico Chico Mendes, no Bom Retiro (Zona Noroeste). Quando são escalados pelas equipes da Secove, um grupo entre 40 e 50 é colocado em um balde até o local do “jogo”. Em cerca de uma semana, os inimigos – as larvas de mosquito – estão derrotados.
Mutirões de combate à dengue
Além do uso de peixes larvófagos, o combate ao Aedes em Santos se dá em diferentes ações, como os mutirões, onde agentes verificam a existência de larvas em casas e estabelecimentos comerciais – o próximo será nesta quarta-feira (8) na Ponta da Praia. Outra forma bem conhecida de combate ao mosquito transmissor é a dispersão de inseticida, na chamada nebulização costal, onde busca-se eliminar os mosquitos na fase adulta. Esta não é uma forma de prevenção, mas uma remediação do combate ao Aedes, que se dá em locais onde há confirmação de casos de arboviroses (dengue, chikungunya, zika vírus ou febre amarela urbana).
BALANÇO
No ano passado, Santos registrou 369 casos confirmados de dengue e 313 de chikungunya. Este ano, foram 6 casos registrados de dengue e um de chikungunya.