O movimento começou em 2015, quando manifestantes foram às ruas protestar contra o esquema de corrupção batizado de Petrolão, composto por políticos de vários partidos. Para representar patriotismo, milhares de pessoas usavam a camisa da seleção brasileira de futebol. Em 2018, este símbolo nacional foi amplamente usado por simpatizantes da campanha presidencial de Jair Bolsonaro. Ao longo do mandato, usar a “amarelinha” passou a ser praticamente sinônimo de apoio ao bolsonarismo.
Isso criou um efeito colateral: quem não compactua com o bolsonarismo, mesmo que goste de futebol e torça pela seleção, deixou de usar a “amarelinha”. A própria Nike, que fornece o material esportivo, lançou uma camisa preta, como alternativa para quem se recusa a usar a amarela, para não se confundido com apoiador de Bolsonaro.
Pois bem. O resultado da eleição revelou um país dividido, mas definiu um vencedor. A campanha eleitoral acabou e o que vai começar é a Copa do Mundo, momento em que os brasileiros manifestam a sua paixão nacional.
Todo ano que tem Copa do Mundo também tem eleição presidencial, mas, pela primeira vez, o torneio de futebol vai ser realizado após a disputa política. Talvez seja um destes acasos do destino, para acabar com a tentativa de apropriação dos símbolos nacionais (a camisa da seleção, a bandeira, o hino) feita por grupos radicais da sociedade.
A camisa da seleção é do Brasil. Portanto, vista a camisa amarela. Sem medo de se feliz.
