Cinema

Documentário do UOL conta história de assassinatos que abalaram o funk em SP

10/11/2022
Divulgação

Em 28 de abril de 2012, MC Careca, expoente do funk paulista, foi assassinado com mais de dez tiros. Ele foi o último de quatro MCs assassinados na Baixada Santista entre 2010 e 2012. Todos os crimes aconteceram no mês de abril e até hoje não foram solucionados. Este é o ponto de partida do documentário “Mortos em Abril – Quatro Assassinatos que Abalaram o Funk de SP”, que estreia nesta quinta-feira (10/11) no Youtube de MOV.Doc.

A série de dois episódios é uma produção de MOV em parceria com Splash, editoria de entretenimento do UOL.

Para contar as histórias de MC Careca, Felipe Boladão, Duda do Marapé e MC Primo, o projeto conversou com familiares, MCs, DJs e empresários ligados aos artistas. O sentimento em comum era o de revolta, como destaca o MC Neguinho do Kaxeta.“A gente dava entrevista dizendo que não aguentava mais ver amigo de profissão morrendo, que ninguém tinha envolvimento com nada. Ninguém tinha motivo pra estar tomando tiro”.

O empresário Konrad Dantas, conhecido como Kondzilla, explica que existem diferentes estilos dentro do funk. E o que a galera da Baixada Santista cantava se aproximava muito do rap, com letras mais duras sobre a realidade da periferia, a violência policial e o racismo.

Apesar das suspeitas de que as músicas poderiam ter incomodado autoridades, MC Bola defende que elas não podem ser vistas como discurso de ódio: “deram esse rótulo de ‘proibidão’, mas a gente só cantava o que a gente via”.

A advogada criminalista Flávia Rahal conta que a Baixada Santista estava evoluindo à medida que o funk se consolidava como expoente cultural na região. Para ela, a morte precoce dos MCs mudou tudo: “esses jovens que de alguma forma conseguem ser a voz daquela realidade acabam sendo alvo mais frequentes de uma ira e da vontade de eliminar essa presença”.

Para a desembargadora do TJ-SP Ivana David, os casos operam em ciclo: “tudo isso se retroalimenta. Eu conto tragédias e abusos policiais porque eu vivo e eu vivo abusos policiais porque eu conto”.  Nenhum representante do Ministério Público ou Polícia Civil aceitou dar entrevista para o documentário.

A produção tem narração de MC Barriga e entrevistas dos MCs Guimê, Hariel, Amaral, Boy dos Charmes; dos DJs João e Digão; dos empresários Chato e Marcelo Fernandes; de Karen Moroni, ex-companheira do MC Duda; Layssa Almeida, filha do MC Primo e do criminólogo Danilo Cymrot.