Fim do ‘Estado de Emergência’ não significa relaxar medidas, diz especialista
22/04/2022Após o decreto do fim do estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional anunciado no domingo (17/4) pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, muitos especialistas criticaram a decisão. A chefe da Vigilância em Saúde da cidade de Santos, Ana Paula Valeiras, alerta para os riscos atrelados a decisão.
“Esse cenário que estamos agora se deve às diversas medidas que foram adotadas, como a vacinação, o uso de máscaras e outras medidas higiênicas. Nós vemos agora em lugares como Xangai e outras partes da China como o problema ainda persiste”, afirma, “Os sanitaristas e epidemiologistas estão fazendo uma projeção de que no meio do ano teremos um aumento de casos no Brasil, mesmo que sejam apenas projeções, temos que continuar com as medidas adotadas, a vacinação em massa, máscaras e higienização das mãos, principalmente”, completa.
Ana Paula alerta para a diferença entre o que está no papel e como o decreto afeta a sociedade. Segundo ela, ao decretar o fim do Estado de Emergência, o ministro acaba por influenciar as pessoas a se relaxarem nas medidas. “As pessoas pensam: ah, se está no fim não preciso mais tomar precauções. E, além disso, isso significa que a verba destinada às ações contra a Covid passa a ser mais restrita a partir de agora”, explica.
Vacinação e as Fake News
As notícias falsas permearam toda a duração da pandemia, mas ganharam uma força maior no início da vacinação contra a Covid-19. Frases como “se virar um jacaré, é problema seu”, acabaram por colocar a segurança das vacinas em circulação em questionamento para boa parte da população.
“Esses problemas não foram apenas com as vacinas contra Covid, mas em todo o quadro vacinal. Tanto é que houve uma queda na procura pelas vacinas disponíveis no país”, aponta Ana Paula.
As notícias falsas trabalham com os medos já existentes nas pessoas. Naturalmente há um receio de se tomar uma vacina ou medicamento diferente. Entretanto, após 2021, Ana Paula afirma que está ocorrendo um enfraquecimento dos movimentos anti-vacina e da força das Fake News acerca das vacinas, consequentemente, um avanço nos números pôde ser observado.
“Aqui em Santos começamos a ter, novamente, uma cobertura dentro dos padrões das outras vacinas. E se tratando das vacinas contra Covid, conseguimos observar que as pessoas estão tomando sem medo e aquele ‘sommelier’ de vacinas vem perdendo espaço”, afirma Ana Paula, “Santos nadou contra a maré e fez a lição de casa para que a população tivesse acesso às vacinas”, finaliza.
Confira a entrevista completa: