Minha deficiência não é nada e eu posso tudo". A frase da mesatenista santista Jennyfer Parinos (Fupes) não é à toa. Com apenas 25 anos, ela se prepara para viajar para Tóquio, no Japão, onde buscará mais uma vez, uma medalha paralímpica para sua coleção e para a cidade pela qual é apaixonada: Santos.
Jennyfer descobriu, com um ano de idade, uma doença conhecida como raquitismo hipofostastêmico. Como os ossos de Jennyfer foram enfraquecidos pela doença, as pernas arquearam. Até 2009, ela não praticava esporte nenhum, embora gostasse das aulas de Educação Física na escola.
"Eu estava brincando de ping-pong no prédio e minha vizinha disse que eu levava jeito. Me chamou para treinar, eu me apaixonei e nunca parei", conta a santista. Em 2013, ela já percebeu a vocação para o esporte, quando começou a ganhar os primeiros campeonatos e foi convocada para a seleção brasileira paralímpica.
"ESPORTE FOI MINHA INCLUSÃO"
"Sempre digo que o esporte foi minha inclusão. Eu sempre fui tímida e me achava diferente das pessoas normais", diz. Foi aí que ela percebeu que podia tudo. E podia mesmo. Acumulou no currículo conquistas grandiosas como a prata nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto 2015, o bronze por equipes no Mundial da China, em 2014, e a medalha de bronze nos Jogos Paralímpicos do Rio, em 2016, por equipes, a conquista mais especial de sua carreira.
"Foi incrível. Ter o gostinho de ganhar uma medalha na maior competição, e no Brasil, foi muito especial e o momento mais importante para mim", conta a mesatenista.
O CAMINHO PARA TÓQUIO
O caminho de Jennyfer para chegar aos Jogos Paralímpicos de Tóquio não foi fácil. Ela já estava com a viagem marcada, em 2020, para disputar a seletiva, quando veio a pandemia de covid-19. "Tudo adiado de uma hora para outra. Treinei em casa por três meses e depois tivemos o privilégio do Centro Paralímpico (SP) reabrir, com todos os protocolos, para que treinássemos".
A seletiva mundial foi disputada no início deste mês de junho, na Eslovênia, onde apenas a campeã levava a vaga. A santista estreou com derrota para uma atleta russa e depois brilhou vencendo a mesa-tenista alemã, a coreana (atual campeã mundial) e a ucraniana, todas por 3 a 0, ficando com a vaga.
CONFIANÇA POR MAIS MEDALHAS
Mais do que a vaga, Jennyfer também ganhou confiança para sua meta: trazer duas medalhas dos Jogos Paralímpicos, no individual e no por equipes. Para isso, ela treina de segunda a sexta-feira, de cinco a seis horas por dia, entre treino técnico, físico, mental e preventivo.
A experiência de ter uma medalha paralímpica no currículo não diminui sua ansiedade. "A Paralímpiada tem uma energia única e por mais que tenha essa experiência, o gostinho de poder participar é único".