O aumento nos números de casos, mortes e a ameaça de colapso no sistema de saúde tem três razões principais: faltam vacinas, aglomerações de pessoas e ausência do uso de máscaras.
O Plano Nacional de Imunização anda a passos de tartaruga. Apenas 3,36% dos brasileiros foram vacinados (cerca de 7,1 milhões de pessoas). Um exemplo claro da falta de vacinas aconteceu em Santos na quarta-feira (3) quando foram imunizadas apenas 37% das pessoas entre 77 e 79 anos. A imunização desta faixa etária foi retomada na sexta-feira (5), mas, como consequência, provocou o atraso da vacinação das faixas etárias seguintes.
Sabotagem ao Plano Nacional de Vacinação
Os fatos demonstram que o governo federal sabotou a vacinação dos brasileiros. No ano passado, não formalizou a compra de vacinas oferecidas por diversos laboratórios, diferentemente de diversos outros países.
Ao contrário: o presidente Jair Bolsonaro defendeu o uso de remédios ineficazes contra a Covid-19 e colocou em dúvida a segurança das vacinas —disse que as pessoas podiam “virar jacaré”.
Em julho, o Instituto Butantan ofereceu 60 milhões de doses e em agosto a Pfizer, outras 70 milhões. Seriam as primeiras de uma série de remessas capazes de conter a pandemia no Brasil, assim que as vacinas fossem aprovadas pelo órgão regumentador, a Agência Nacional de Saúde (Anvisa). O governo federal não fechou a negociação.
Antes tarde do que nunca
A situação só começou a mudar no início deste ano, quando, pressionado pela realidade, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, anunciou acordos para a aquisição de 592 milhões de doses, das mais variadas procedências (414,9 já contratadas e 178 milhões “em tratativas”), até janeiro de 2022.
O problema é o ritmo de entrega destas doses. Pelo cronograma divulgado pelo próprio Ministério da Saúde, a vacinação continuará sendo feita a conta-gotas: 38 milhões de doses até o fim de março; 55,7 milhões em abril; 44 milhões em maio; 33 milhões em junho; 32 milhões em julho; 8 milhões em setembro; e 172 milhões “até 31 de dezembro”.
Aglomerações e falta de máscara
O ritmo da contaminação no Brasil voltou a se acelerar após a virada do ano e o Carnaval. Apesar de oficialmente terem sido canceladas, esta celebrações foram realizadas em diversas partes do país.
Apontado pelos cientistas como a maneira mais eficaz de evitar o contágio, o uso de máscara não teve adesão total da população —muitas pessoas usam indevidamente (no queixo ou pendurada na orelha) ou simplesmente não a utilizam. Para completar, em transmissão pela internet na quinta-feira passada (25), o presidente Jair Bolsonaro colocou em dúvida a eficácia e segurança da máscaras, citando “uma universidade alemã”, nem indicar qual, que estudo é este e a quais conclusões ele chegou.