Economia

Onde estão as oportunidades de trabalho?

18/12/2020
Onde estão as oportunidades de trabalho? | Jornal da Orla

Olá, pessoal! Sou Djalma Moraes, professor, escritor, consultor na área de RH e membro da ABRH – Associação Brasileira de Recursos Humanos – Regional Baixada Santista.

Este é meu primeiro artigo a ser compartilhado através deste portal, nele vamos avaliar o que está ocorrendo no mercado de trabalho brasileiro e na nossa região. Vamos, lá!

A pandemia agravou uma situação que já vinha apresentando problemas desde 2008, período em que se falava bastante do apagão de mão de obra, pois havia vagas e faltavam candidatos adequados. O que na minha opinião era algo que estava sendo super dimensionado, uma conta que não fechava, digo por que, em meio a tantas universidades, milhares de novos profissionais sendo formados, além de outros tantos que já estavam no mercado, então qual seria o motivo de tanta falta de talentos?

Na realidade, nunca houve planejamento enfocado em um crescimento da economia através de um projeto consistente de desenvolvimento, como por exemplo, ocorreu no Japão do pós guerra, onde foi instituído o Plano Marshall para auxiliar na reconstrução do país. Em momento algum foi feita a estimativa de que levaríamos um tempo determinado para cumprir as metas de expansão dos diversos segmentos fundamentais para o crescimento da nação como, por exemplo, infraestrutura, logística, transportes, construção civil e mobilidade urbana. Fomos crescendo ao sabor do momento, o que em alguns momentos era bom, tornava-se ruim em outros, pois não controlávamos os custos de produção e comercialização de mercadorias e serviços, de outra maneira, importávamos mais do que produzíamos, gerando inflação e desemprego.

Nesse quadro geral, nossa região sempre foi ficando extremamente relacionada ao porto, que também dependia do que era produzido e exportado, batia recordes com as commodities, mas que, em poucas ocasiões movimentava manufaturados, como carros nos anos setenta. Na realidade, este modelo de atividade não dava margem para o incentivo às carreiras diferenciadas do modelo portuário, sendo que, no máximo o comércio oferecia oportunidades em épocas sazonais, como durante as festas ou datas comemorativas.

Atravessamos um período de expansão durante o chamado “milagre brasileiro” durante o governo militar, onde as exportações cresceram enormemente, para depois, voltarmos a nos estagnar durante o período da abertura política devido aos picos da inflação e à dividia externa, enquanto o mundo dava saltos de expansão e desenvolvimento, principalmente os países asiáticos, que se tornaram exemplos para a economia mundial, adotando planejamento à curto e médio prazo, encaminhando seus jovens para as melhores universidades estrangeiras, implantando projetos de infraestrutura, ampliando a produção de bens manufaturados e exportando para diversos mercados.

A falta de um planejamento focado em objetivos mais amplos acabou levando ao surgimento de diversas faculdades e cursos sem a devida qualidade na formação de seus alunos, por outro lado, muitas empresas também não investiram em tecnologia e conhecimento para enfrentar aquele mundo em evolução que se avizinhava. E, então, entre 2002 e 2010, tivemos uma grande expansão da economia e tivemos que buscar pessoal capacitado para fazer parte dos quadros das empresas que estavam em expansão. Só que, muitas não encontravam os perfis esperados, talvez por falta de alinhamento com as universidades, ou até com parcerias com escolas técnicas, ou também, por não definirem os perfis das vagas de acordo com a realidade do mercado, fazendo exigências exageradas, como por exemplo, Inglês fluente para atuar em área em que não era necessário, pedir experiência de muitos anos para pessoas em busca do primeiro emprego, entre outros absurdos.

Nossa região apresentou durante muito tempo crescimento negativo, demitindo muito mais do que admitindo, de acordo com o censo do IBGE 2010, tínhamos somente 1/3 de mão de obra economicamente ativa, ou seja, pouca gente produzindo para atender muitas outras pessoas. De acordo com o CAGED, na mesma época, havia um grande déficit de vagas em nossa região. Em paralelo, se formos analisar, a Baixada conta com mais de dez universidades e faculdades, o que é muito mais do que possuem muitas capitais do nosso país. Então, a conta não fecha, se formamos pessoas qualificadas, onde estão os empregos? A dúvida persiste até hoje, como gerar empregos e aproveitar este capital humano tão necessário ao crescimento da região e do país?

Talvez, a resposta esteja no entendimento entre economia privada, universidades e poder público na busca de um alinhamento e no desenvolvimento de projetos consistentes, visionários, que extrapolem o imediatismo e o bairrismo presente nas ações e no pensamento de muitos empresários e governantes. É preciso, ampliar o mind set, ou melhor, mudar o modelo mental de centralizar o desenvolvimento na construção civil e na temporada. Podemos crescer o ano todo através de parcerias e de um olhar que vai além das fronteiras geográficas. Atividades voltadas à economia criativa, startups, estrutura de porto-indústria, turismo de cabotagem, ferroviário, roteiros históricos, escritórios de design, etc.

Vamos repensar nosso modelo de desenvolvimento?
 

 

Djalma Moraes é professor, escritor, consultor na área de RH e membro da ABRH – Associação Brasileira de Recursos Humanos – Regional Baixada Santista. Site www.mqs.com.br, e-mail [email protected]

 

 

 


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