Imagine uma geladeira que ‘sente’ estar terminando o estoque de cervejas geladas e se comunica com o mercado do bairro, encomendando mais uma dúzia – sem qualquer interferência humana. Apenas imagine, porque (talvez se surpreenda com essa informação!) – ela já existia há mais de 20 anos, era a Screenfridge, da Electrolux.
Pense que todo o poder de processamento dos computadores usados pela Nasa (principalmente o System/360 IBM), para colocar os primeiros homens na Lua – em 1969 –, na passagem para o século 21 já era menor que o de uma calculadora vendida no camelô da esquina. A comunicação entre os computadores era feita a incríveis 2,4 Kbps, enquanto hoje qualquer operadora tenta lhe vender um pacote mínimo de 100 Mbps (41,6 mil vezes maior).
Um simples carregador USB de celular, também facilmente encontrado no comércio, opera com o chamado ‘clock’ de 48 MHz, ou seja, 48 vezes mais que o computador AGC de bordo da nave Apolo XI, e ainda tem o dobro de memória de trabalho e quase o dobro da capacidade de armazenamento do AGC – embora não se possa recomendar o uso do carregador USB para pilotar uma nave espacial entre a Terra e a Lua.
Pois bem: no momento em que esta coluna é escrita, ocorre na capital paulista a , em que o principal tema é a chegada em 2021 das conexões Internet de quinta geração (o 5G). São apresentados novos métodos e produtos, capazes de ampliar bastante a comunicação automática entre equipamentos (a chamada Internet das Coisas, ou IoT na sigla inglesa).
Voltando ao século XX, o escritor estadunidense Alvin Toffler publicou em 1980 o livro ‘A Terceira Onda’, mostrando que o progresso chega em ondas, que não atingem simultaneamente todos os humanos. É por isso que, em meio à pandemia, quando seria preciso usar recursos tecnológicos para substituir temporariamente o ensino presencial, verifica-se que grande parcela dos estudantes não tem um mínimo de acesso regular à Internet.
Enfim, com todas as esperadas dúvidas e críticas, a chamada 5G está chegando, e com ela vão se abrindo possibilidades infinitas de uso, com efeitos para os quais é preciso atentar na construção das próximas ondas de lançamentos imobiliários, já que em breve serão atrativos a mais para a negociação com os clientes.
Até esses avanços chegarem à maioria dos brasileiros, levará um certo tempo – pois nem Internet e nem telefonia (aliás, nem água e nem esgotos) já são benefícios universalizados no Brasil.
A ideia, portanto, é que todos mantenham ‘as antenas ligadas’, pois precisaram projetar e construir agora os imóveis que serão ocupados pela próxima geração de consumidores, já procurando prever como o 5G poderá impactar no setor.
Afinal, sempre vale recordar este trecho de um texto de 1999 do empresário e palestrante Mário Persona: “…algumas situações curiosas poderão ocorrer no futuro. Você liga para a casa de alguém e atende uma voz que diz: ‘Aqui é a geladeira. Infelizmente a secretária eletrônica não poderá atender. Ela foi embora com o micro-ondas. Se você quiser deixar alguma mensagem, diga qual é e deixarei em minha porta’”.
System/360 IBM, usado para o controle da primeira viagem humana à Lua
Imagem: Wikipedia