Confesso aos amigos leitores que fui dormir um pouco mais triste nestes tempos tristes, de pandemia e de obscurantismo que se abatem sobre o Brasil.
Só não fiquei mais triste porque sabia que o sofrimento da professora Mariângela Duarte era grande.
Eu sempre fico triste quando a humanidade perde alguém de valor. O mundo tem sido cruel, mas tem muita gente boa nele.
São essas pessoas que nos motivam e nos dão força para viver e seguir em frente.
Mariângela Duarte era uma dessas pessoas. Ela tinha caráter e uma incrível vontade de mudar o mundo.
Quando a gente se dá conta que caráter é uma mercadoria cada vez mais rara neste mundo, começa a perceber a falta que Mariângela Duarte fará.
A imprensa regional noticiou a morte de Mariângela referindo-se a ela como uma política respeitada.
Eu prefiro pensar que Mariângela Duarte era uma professora, aquela professora, que ensinava a seus alunos – a todos nós – valores que nos tornam humanos e que foram se perdendo ao longo do tempo.
Acompanhei a trajetória política de Mariângela. Fiz várias entrevistas com ela, para TV, rádio e jornal. Ela sempre defendeu suas ideias com coerência e educação. Por isso, era respeitada até por adversários políticos.
Li certa vez uma frase de uma escritora que me marcou bastante. Aos 90 anos, ela disse o seguinte: "A vida é bela, mas não é justa".
A morte precoce de Mariângela Duarte apenas dá sentido à frase. Mariângela tinha tanto a nos ensinar, ainda.
Mariângela Duarte era uma mulher e tanto.
Ela se foi, mas nos deixa um legado de integridade, honestidade e de amor ao próximo.
Descanse em paz, Mariângela Duarte.