Lembrando que no dia 29/4 é celebrado o Dia Internacional da Conscientização sobre o Ruído, agora acumulado com o Ano Internacional do Som, uma iniciativa global para destacar a importância do som e das ciências e tecnologias a ele relacionadas. Ao mesmo tempo em que estimula o entendimento mundial sobre o papel do som nas nossas vidas e em nossa sociedade, encoraja a compreensão da real necessidade de controlar o ruído na natureza, no ambiente construído e nos espaços de trabalho.
A pandemia da Covid-19 alterou o calendário de eventos, mas também é encarada como oportunidade rara para pesquisas sobre “paisagens sonoras” – a propagação do som em ambientes forçosamente mais calmos em razão do isolamento social. Até mesmo no fundo do mar há redução do impacto sonoro, com menos navios circulando nos oceanos. Se quiser participar das pesquisas, há um grupo na rede social Linkedin para isso.
Mas, nosso foco é a introdução de melhorias na construção civil, na arquitetura e no design de interiores. Assim, tratamos na coluna anterior do que dispõe a norma técnica de desempenho número 15575 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com foco nas lajes entre os pavimentos do prédio. Porém, a norma é bastante ampla, considerando muitos outros aspectos, além do barulho irritante causado pelos cavalos andando pelos apartamentos.
O barulho dos carros na avenida, as conversas em voz alta na madrugada, o vizinho que adora certas músicas (?) em volume máximo e muitos outros ruídos entram pelas janelas, causando muito desconforto em quem pretende apenas descansar de um dia de trabalho pesado.
Claro que o chamado conforto acústico tem importante componente subjetivo. Se você gosta daquela música, talvez até incentive o vizinho a elevar o volume. Se a fofoca está interessante, alguém gostaria de poder ouvir mais detalhadamente…
Normas – Existem padrões que designers, arquitetos, engenheiros e construtores devem levar em conta em seus projetos. O ideal é que nem seja preciso falar alto dentro de casa para ser ouvido, acima dos ruídos externos, nem seja compreensível o diálogo particular mantido entre dois vizinhos, nem que a música tocada chegue claramente até você. A citada norma ABNT NBR 15575 define, entre outros, os níveis mínimos de isolamento acústico para fachadas e coberturas.
Esse isolamento pode ser obtido de várias formas, entre elas o posicionamento e a geometria da edificação, que influenciam diretamente no projeto arquitetônico. A propósito, a Associação Brasileira para a Qualidade Acústica (ProAcústica) possui um Manual para Classe de Ruído das Edificações Habitacionais, que pode ser baixado gratuitamente por quem fizer o cadastro gratuito no site. Quem quiser aprofundar o estudo pode baixar também o manual técnico (em inglês) da Associação de Consultores de Ruído do Reino Unido (ANC).
Mitos e verdades – Além de ajuda aos especialistas na interpretação e no cumprimento das normas técnicas, o manual da ProAcústica tem dicas mesmo para os leigos.
Por exemplo, é mito que a vegetação funcione como barreira acústica, salvo em raras exceções. Também é mito que apartamentos em andares superiores sejam menos expostos ao ruído urbano (ao contrário, ficam expostos a maior número de fontes de ruídos), e que só o vidro da janela determine o isolamento acústico (os perfis da esquadria, acessórios e vedações, e até a mão de obra de instalação influenciam no desempenho acústico global).
Marquises, varandas, revestimentos, podem influenciar no desempenho acústico das fachadas. Já o horário de pico no trânsito pode registrar menos emissão sonora que em outros momentos, por estarem os veículos parados nos congestionamentos. A não ser que todos comecem a buzinar…
Exemplo de propagação sonora em corte vertical
Imagens: http://www.proacustica.org.br/
Capa do manual da ProAcústica
Imagem: http://www.proacustica.org.br/
Símbolo do Ano Internacional do som 2020
Imagem: https://sound2020.org/