Em meio à incerteza diante da troca de ministro da Saúde, a certeza que se tem é a necessidade, mais do que nunca, do isolamento social para conter o avanço do coronavírus. Em Santos ainda mais, por conta dos dados que se dispõe até o momento.
A Incidência de covid-19 em Santos é quase cinco vezes maior que a média nacional: são 736.7 casos confirmados para cada 1 milhão de habitantes. Até 18h30 de quinta-feira (16), foram confirmados pela Prefeitura 319 casos, sendo 22 que resultaram em morte. Há ainda 574 casos suspeitos, sendo 29 mortes com possibilidade de terem sido por conta do novo coronavírus. Também houve 135 altas hospitalares.
É verdade que a cidade apresenta um índice maior pois contabiliza mais do que outros municípios —assim como acontecia na década de 1990, quando Santos tinha uma estatística mais realista dos casos de Aids e que a fez receber durante um tempo, injustamente, o título de “capital brasileira” da doença. Há cidades em que as pessoas adoecem com Covid-19 mas simplesmente não são diagnosticadas.
A subnotificação (isto é, não saber exatamente quantas pessoas ficaram doentes) é um problema enfrentado por todos os países do mundo. A solução mais eficaz seria testar toda a população, algo inviável num país com 230 milhões de habitantes e dimensões continentais.
Assim, a estratégia mais efetiva para conter o avanço do Covid-19 é o isolamento social. Os maiores especialistas do mundo são unânimes em indicar a necessidade de pelo menos 70% da população permanecer em isolamento social. O objetivo é impedir que muita gente fique doente ao mesmo tempo, precise de cuidados médicos intensivos e acabe provocando o colapso do sistema de saúde — tanto público quanto privado.
Em parceria com operadoras de telefonia e empresas de Tecnologia da Informação, o Governo do Estado desenvolveu uma ferramenta capaz de monitorar os deslocamentos da população, sem violar dados ou a privacidade do cidadão. O Sistema de Monitoramento Inteligente (SIMI) revelou uma situação extremamente preocupante em Santos: apenas 48% da população aderiram ao isolamento social.
Santos possui 281 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do sistema público (SUS) e, mesmo sem pandemia, já atendem em capacidade praticamente máxima (pessoas que sofreram enfarte, acidente de trânsito, AVC…). Caso o número de casos de Covid-19 exploda, não haverá vagas para todos. E talvez nem caixões ou vagas no crematório.