No rastro das últimas inundações, que “privilegiaram” negativamente a Baixada Santista, foi por diversas vezes citada na Imprensa a tecnologia dos bueiros inteligentes, capazes de sentir a chegada de uma inundação e acionar alarmes ou até abrir e fechar comportas para reduzir os estragos. Pode até auxiliar as cidades no combate aos mosquitos da dengue.
O avanço da chamada Internet das Coisas (IoT – Internet of Tools) permitiu que a empresa brasileira Net Sensors criasse sistemas municipais de gestão inteligente dos bueiros.
A concepção é até simples, como explica seu sócio fundador Carlos Chiaradia: um cesto coletor em material flexível é instalado dentro de cada bueiro. Equipado com um sensor, consegue detectar a quantidade de lixo que chega com a água, emitindo um sinal de alerta para as equipes de limpeza quando o acúmulo chega a 70%.
Assim, a limpeza é feita apenas nos bueiros que dela necessitam, reduzindo em 51% o custo dessa operação, além de evitar que o lixo vá para rios e canais e que ocorram alagamentos pela obstrução de bueiros com esse lixo. E a limpeza de cada bueiro inteligente é quinze vezes mais rápida que no comum: basta retirar o cesto e esvaziá-lo.
Controles – Os dados de cada bueiro são transmitidos para a central de monitoramento usando a tecnologia LoRa (Long Range – Longo Alcance), por uma rede sem fio de baixa potência (a LPWAN – Low Power Wide Area Network), com alcance de 3 a 15 km, bidirecional, de alta segurança, baixo consumo de bateria (até 10 anos), com padrão aberto e total mobilidade.
O sistema de monitoramento possui a função “placar ambiental”, para mapear quantidade e tipo de lixo, informando os volumes totais de plástico, vidro, papel ou metal; registra o “antes” e o “depois” da operação de limpeza, provando sua execução e organizando o histórico dessas operações. Os dados coletados podem aparecer numa tela do Google Maps ou agrupados para efeito estatístico. O controle da limpeza é feito por aplicativo de celular.
Além disso, é colocado nos bueiros um larvicida biológico da Denguetech, que mata as larvas do Aedes Aegypti, antes que se transformem em mosquitos e possam transmitir dengue e outras doenças, sem prejudicar humanos e outros insetos.
Custos e locais – A empresa estima um custo mensal entre R$ 120,00 e R$ 250,00 por bueiro, dependendo de seu tipo e tamanho, da logística, dos volumes e serviços opcionais agregados – como a roteirização ou a mão de obra especializada para limpeza. Parcerias com a Climatempo e outras empresas permitirão agregar uma série de novas tecnologias de monitoramento e telegestão.
Esses equipamentos já estão instalados em 600 pontos no Rio de Janeiro e devem chegar a 4 mil ainda este ano. Já estão sendo analisados em Maricá/RJ, Niterói, Cuiabá, Brasília e Salvador, havendo também provas de conceito em curso em cidades como Miami (EUA) e Cascais (Portugal). A Net Sensors também conversa com empresas privadas interessadas em investir em projetos sociais para cidades inteligentes.
Inteligência x burrice – Ou seja, até os bueiros ficam cada vez mais inteligentes. Mas já se disse que não há equipamento tão perfeito que consiga vencer todas as nuances da burrice humana.
Enquanto o lixo de maior porte continuar emporcalhando as vias públicas e se acumulando na entrada dos bueiros, entupindo-os e impedindo a entrada da água e dos detritos menores, como esses bueiros inteligentes medirão o fluxo em seu interior ou matarão as larvas?
De que servirão os alertas, se os bueiros não forem desentupidos? E se os equipamentos forem simplesmente destruídos por vândalos, como ocorre com estátuas, bancos de praça etc.?
Em tempo: o lançamento oficial da tecnologia, marcado para o dia 17/3, precisou ser adiado sine die, em ação preventiva relacionada com a pandemia do Corona Vírus…
Serviço: Net Sensors: http://netsensorsdobrasil.com.br/ns/
Cesto coletor usado na solução Bueiros Inteligentes
Foto: Net Sensors do Brasil
Sensor volumétrico usado nos bueiros, que alerta a central de monitoramento quando o lixo acumulado chega a 70% da capacidade
Foto: Net Sensors do Brasil
O cesto coletor e o sensor recém-instalados em um bueiro
Foto: Net Sensors do Brasil
Integração com Google Maps mostra a condição dos bueiros no mapa
Imagem: Net Sensors do Brasil
O equipamento, já com lixo acumulado
Foto: Net Sensors do Brasil
Aplicativo no celular controla o trabalho de limpeza
Foto: Net Sensors do Brasil