Você compra um imóvel à vista pensando no investimento, ou compra a perder de vista para ter um teto? Em qualquer dos casos, vale a pena refletir sobre como estará situada a sua propriedade dentro de, digamos, dez anos, considerando todas as mudanças que afetam o mercado imobiliário e as cidades em geral. As características da propriedade que hoje lhe conferem valor ainda terão significado, ou pelo contrário podem desvalorizá-lo em uma década ou menos?
Neste contexto, um dos itens a considerar é a mobilidade urbana. Hoje ainda se valoriza o carro com um só passageiro, o próprio condutor (e um bom apartamento precisa ter pelo menos duas vagas na garagem!). Ou o helicóptero que vem buscar o ilustre empresário no telhado de sua casa. Mas isso está mudando.
Recém-divulgado, o estudo ‘Mobility Futures’, da agência internacional de pesquisas Kantar mostra essas tendências para 31 maiores cidades do planeta, inclusive a capital paulista, tendo como horizonte o ano de 2030. E revela que esse ano será o ponto de mudança global da mobilidade sustentável: as viagens de carro particular diminuirão em 10%, com a ascensão da economia compartilhada, da multimodalidade e dos veículos autônomos, além do envelhecimento da população mundial.
Transporte público, ciclismo e caminhada representarão 49% de todas as viagens realizadas em 2030, contra 46% para carros (que hoje representam 51% das viagens). Os 5% restantes se distribuem por viagens de táxi, compartilhamento ou carona e meios como balsas. O ciclismo tem a maior previsão de alta (18% a mais, até 2030), enquanto o transporte público e a pé aumentarão respectivamente 15% e 6%.
São Paulo – Especificamente a capital paulista terá queda de 28% no uso de carros nesta década, aumentando em 10% o transporte público, em 25% o hábito da caminhada e em 47% o uso de bicicleta. A cidade fica em 3º lugar no índice ‘Transforming Cities’ (atrás de Manchester e Moscou, à frente de Paris), mas se situa em 28ª posição no índice de cidades tecnologicamente preparadas (liderado por Amsterdam, Londres e Los Angeles) e em 31º lugar no índice de confiança do cidadão (bem atrás de Chengdu, Cantão, Mumbai, Xangai, Jacarta, Pequim, Moscou…).
“Milhares de projetos de infraestrutura em todo o mundo, como expansão de ciclovias e esquemas de compartilhamento de bicicletas, projetos para pedestres e melhorias no transporte público estão contribuindo para esses novos comportamentos de mobilidade”, diz o estudo, que pode ser obtido em inglês em https://www.tnsglobal.com/what-we-do/by-sector/automotive/mobility-futures
O estudo cita que as principais cidades em transformação nesta década são, pela ordem, Manchester, Moscou, São Paulo, Paris, Joanesburgo, Guangzhou, Milão, Montreal, Amsterdam e Xangai. E Luciana Pepe, diretora de contas da Kantar no setor automotivo, alerta: “A pesquisa descobriu que 40% das pessoas em todo o mundo estão abertas a adotar soluções inovadoras de mobilidade, mas nem todas as cidades estão prontas para essa transformação”.
As imobiliárias e incorporadoras já sentiram empiricamente a mudança do vento. Na publicidade, mostram a pequena distância entre os imóveis e o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), destacam as múltiplas opções de transporte disponíveis… E você? Já pensou nisso?
Imagens:
1 – O estudo abrangeu 31 cidades no mundo, inclusive São Paulo
Imagem: Kantar/Mobility Futures
2 – As dez principais cidades do mundo no quesito mobilidade
Imagem: Kantar/Mobility Futures
3 – As pessoas estão prontas para as mudanças: 37% devem reduzir o uso de seus carros e 42% dos usuários de transporte público buscam alternativas
Imagem: Kantar/Mobility Futures
4 – As escolhas de viagens são emocionais: moto é preferida, seguida por bicicleta elétrica, caminhada, bicicleta comum e transporte público
Imagem: Kantar/Mobility Futures