A paisagem deslumbrante e ainda pouco conhecida do Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais, é acessível a qualquer pessoa com algum espírito aventureiro e está a poucas horas de São Paulo. Um convite e tanto para desfrutar e se encantar em um paraíso natural, com muitas cachoeiras, montanhas, fauna e flora do cerrado e onde fica a nascente histórica do Rio São Francisco, o Velho Chico. De tão belo e singular, o lugar serviu de cenário para a fictícia cidade de Serro Azul, na novela O Sétimo Guardião.
O estado de Minas Gerais é celebrado pelas belezas naturais, pela herança cultural e histórica e pela gastronomia de dar água na boca. Em um estado com tantos predicados a Serra da Canastra consegue se destacar por sua beleza cênica e ecossistema preservado. Com imensos e imponentes paredões rochosos, cenários típicos de cerrado nos chapadões com transição para vegetação de Mata Atlântica na parte baixa da serra, a região entrou nos roteiros de viagem como lugar privilegiado para a prática de esportes radicais, vivência ambiental, turismo ecológico e rural.
São Roque de Minas é a “capital”
A porta de entrada para esse paraíso é São Roque de Minas, cidade de 7,5 mil moradores no sudoeste de Minas Gerais, aos pés da Serra da Canastra, na região do Alto São Francisco, a 500 km da capital paulista. Ali se reconhece o autêntico espírito mineiro, com seu povo acolhedor, paisagens bucólicas e hábitos que remetem à tranqüilidade das pequenas cidades e da vida no campo.
São Roque de Minas é considerada a “capital" da Serra da Canastra, próxima à maioria das atrações e com maior oferta de pousadas e serviços. Duas das portarias de acesso ao parque ficam no município. São Roque é também o lugar de origem do precioso queijo da Canastra, produto que já se tornou Patrimônio Cultural Imaterial pelo IPHAN e movimenta a economia local assim como a cafeicultura.
Parque nacional é um dos mais importantes do país
Considerado um dos mais importantes parques nacionais do Brasil, a Serra da Canastra abrange uma área de mais de 70 mil hectares e seis municípios mineiros: São Roque de Minas, Vargem Bonita, Delfinópolis, Sacramento, São João Batista do Glória e Capitólio.
Foto: Divulgação
A paisagem se alterna entre campos rupestres repletos de delicadas flores, cerrado típico e matas de galerias com exuberante vegetação atlântica. Sob a proteção do parque há mais de 6 mil espécies vegetais, mais de oitocentas espécies de aves e quase duzentas espécies de mamíferos. Com paciência e uma dose de sorte será possível encontrar bichos como o tamanduá-bandeira, lobo-guará, tatu-canastra, veado-campeiro, gavião, tucano, pica-pau e, quem sabe, o raro pato mergulhão, ameaçadíssimo de extinção.
Rios e cachoeiras
Os visitantes se encantam principalmente com as volumosas cachoeiras. São cerca de 30 quedas catalogadas dentro do parque nacional, algumas com acesso liberado, outras disponíveis somente para contemplação.
Casca D´Anta – Cartão-postal do parque, é considerada a sexta maior cachoeira do Brasil. Para admirá-la, é possível fazer dois roteiros: o primeiro, pela parte baixa do parque, tem uma trilha de cerca de um quilômetro até seu poço, onde a água chega em queda livre de 186 metros, formando uma névoa de vapor que garante um refrescante banho para quem tenta se aproximar. Já a rota da parte alta oferece vista para o cânion por onde o rio desce a serra, além de um mirante de onde é possível avistar parte da queda principal e algumas piscinas naturais.
Cachoeira da Chinela – Situada em uma propriedade particular próxima ao município de Vargem Bonita, a cachoeira se encontra entre montanhas que margeiam a serra. A bela queda e seu profundo poço criam um excelente ambiente para banhos.
Cachoeira do Fundão – a cachoeira do Fundão destaca-se pela beleza do conjunto: as águas límpidas do rio Santo Antonio despencam de uma altura de 80 metros diretamente numa piscina natural de forma arredondada, que recebe sol praticamente o dia todo.
Cachoeira do Cerradão – A área da cachoeira do Cerradão foi transformada em Reserva Particular do Patrimônio Natural pelo Ibama para preservar todas as suas nascentes, as vegetações de cerrado e mata ciliar, e, é claro, sua cachoeira, que forma uma incrível piscina natural de águas muito cristalinas, perfeita para banhos.
Cachoeira Rasga Canga – São quatro quedas d’água, sendo a maior delas de quinze metros de altura, que caem sobre dois poços rasos e cristalinos, ideais para banhos e para receber uma massagem natural.
Cachoeira dos Rolinhos – um dos lugares mais visitados da Serra depois da nascente e da Cachoeira Casca D’Anta. O percurso até lá é também um ótimo passeio para quem quiser uma amostra completa da flora do parque, com campos limpos, cerrado e matas de galeria.
Outros atrativos
Mirante da Lavrinha
A parada diante de uma pequena e singela capela é o motivo para contemplar de um ponto alto e privilegiado a imponente paisagem, com o paredão da serra que se ergue a uma altura de 300 metros.
Nascente do Rio São Francisco
A histórica nascente está localizada na parte alta do parque, na mesma rota que tem como atrativos a Casca d’Anta e o Curral das Pedras. Não espere ver a água brotando do solo, mas dois pequenos córregos repletos de lambaris. É dali que o Velho Chico desce a serra e atravessa cinco estados até desaguar no Oceano Atlântico, em um exemplo de obra-prima da natureza.
Curral de Pedras
Os resquícios de um antigo curral de manejo de gado na parte alta da serra é uma amostra de uma das tradições mais notáveis da Canastra: os muros de pedra construídos sem argamassa. Nesse caso, as pedras constituem um imenso curral de formas arredondadas e com dois ambientes.
Prainhas do Rio São Francisco
Nas andanças por trilhas, as prainhas de areia grossa e branca são um convite para descansar e se refrescar nas águas escuras e frias do rio.
Fotos: Mirian Ribeiro/Jornal da Orla