Neste sábado (2), faz 127 anos que o navio a vapor Nasmith atracou nos primeiros 260 metros de cais instalados em Santos. Foi o início da história do maior complexo portuário da América Latina e que é responsável por movimentar 1/3 da balança comercial brasileira. Rápidas e profundas mudanças aconteceram ao longo destas décadas, como a modernização das instalações portuárias e a consequente queda no número de postos de trabalho — o porto chegou a ter cerca de 150 mil trabalhadores, nas mais diversas atividades, e hoje possui aproximadamente 30 mil, entre empregados da Codesp, funcionários de empresas privadas e avulsos.
Recordes sucessivos
Embora a economia brasileira esteja andando de lado, o Porto de Santos vai bem, obrigado. A movimentação de cargas cresce ano a ano e em 2018, bateu novo recorde: foram 133,16 milhões de toneladas, 2,5% a mais que em 2017. O volume representa um terço da balança comercial brasileira: de cada três toneladas de mercadorias que entram ou saem do Brasil, uma passa pelo porto santista.
O Porto de Santos continua sendo importante na exportação dos chamados commodities (soja, açúcar, milho, celulose, sucos cítricos, café, etc), mas é o crescimento da movimentação de contêineres que mais chama atenção, uma vez que ela indica o embarque e desembarque de cargas com maior valor agregado (produtos industrializados). Em 2018, foram 4,1 milhões de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), um crescimento de 2,6% em relação ao recorde anterior (3,9 milhões de TEUs), em 2017. Agosto foi um mês excepcional: foram 387,7 mil TEU, o melhor resultado da história.
Desafios a serem superados
O Porto de Santos apresenta números superlativos mas ainda tem grandes desafios a serem superados, como a realização de investimentos em manutenção (dragagem e vias de acesso) e ampliação (criação das condições necessárias para novos investimentos). O setor portuário aguarda com expectativa as diretrizes no novo governo federal em relação aos segmentos logístico e portuário, de modo geral, e ao Porto de Santos, especificamente.
Apesar do constrangimento gerado pela não oficialização do novo diretor-presidente da Codesp, o clima é de otimismo. O escolhido foi o engenheiro naval e economista Casemiro Tércio Carvalho, mas na reunião do Conselho de Administração Portuária (Consad) marcada justamente para formalizar sua indicação, no dia 21, faltou o documento oficial que deveria ser enviado pela Casa Civil da Presidência da República.
Independente da derrapagem inicial, o setor portuário acredita que a nova gestão tem condições de tomar medidas que aumentem a produtividade. Entre as medidas, ações que melhorem as condições financeiras da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp).
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