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Resenha da semana: Te peguei

25/08/2018
Resenha da semana: Te peguei | Jornal da Orla

"Você não deixa de brincar porque fica velho. Você fica velho porque deixa de brincar". Alguma vez você imaginou que veria um filme sobre pega-pega? Quando comecei a assistir a este filme a primeira coisa que me veio a cabeça foi: Sério isso? Com uma premissa absurda baseada em uma reportagem do Wall Street Journal, "Te Peguei" poderia muito bem aproveitar sua história real e humanizar seus personagens ou seus laços de amizade, porém resolve abraçar o humor físico e pastelão que agradará para quem estiver de muito bom humor e embarcar nessa tola história. Para todo o restante, será uma hora e meia de irritação, vendo uma série de cenas sem sentido e que no máximo vai gerar um tímido sorriso de canto de boca.

No longa, desde a primeira série na escola, um grupo de cinco amigos têm um hábito curioso que realizam pelo menos uma vez ao ano: brincar enlouquecidamente de pega-pega, correndo em uma partida alucinante para ser o último homem de pé ao final da brincadeira, arriscando seus empregos e relacionamentos. Neste ano, que coincide com o casamento do jogador invicto da trupe, eles farão de tudo para derrubá-lo no momento de vulnerabilidade. Dirigido por Jeff Tomsic, que não tem nada de bom em seu currículo, o longa possui uma estrutura de adultos que se comportam como crianças, gênero que é comum nas comédias de Adam Sandler. Esse formato exige do espectador uma predisposição ao absurdo, já que acompanhamos homens de meia idade correndo um atrás do outro. O diretor faz um trabalho meramente estético, já que utiliza recursos muito utilizados em Hollywood: cortes rápidos, cenas em slow motion, timing cômico, movimentos de câmera genéricos e talento para as cenas de ação. Além disso, apesar da alta classificação indicativa, o filme poderia funcionar melhor e geraria muitas risadas se não tivesse tanto pudor, mas isso nunca acontece. Fica a nítida impressão que o diretor foi contratado a mando do estúdio para trabalhar no piloto automático e entregar o que eles queriam. 

O roteiro, que não vou perder o tempo de citar quem escreveu, requer do público uma absurda compreensão infantil que nem todos estarão dispostos a tentar entender e que para nós brasileiros, que não estamos acostumados com a cultura americana, ficará mais difícil ainda. O texto não é divertido, é maldoso em alguns momentos por abordar temas como doença com desdém e o pior: não te faz rir. No final ele ainda tenta dar uma lição de moral, justificando todo esse absurdo com uma cena que era para ser emocionante e o grande trunfo do filme, mas que vai por água a baixo pela falta de dramaticidade exigida. 

No elenco, que não possui a química necessária que por exemplo Se Beber foi super bem sucedido, Jeremy Renner que é um ator que geralmente gosto de seus filmes, mostra que não sabe ser engraçado e que também não é astro para filmes de ação. Se posso destacar alguém, seria Hannibal Buress, que é quem tem menos tempo de tela mas o que mais a aproveita.

Te Peguei não é engraçado e não se aprofunda nos temas de amizade e como a eventual distância pode afetar nossas vidas, mas talvez funcione para adultos que ainda mantém uma amizade com seus colegas de infância e são fiéis a tradição de algum tipo de brincadeira. Se é que isso existe.

Curiosidade:  Baseado em fatos reais da vida de Bill Akers, Patrick Schultheis, Sean Raftis e Mike Konesky, colegas de classe do ensino médio que gostavam de se divertir brincando de pega-pega durante os anos 1980.
 

 

Confira as sessões dos filmes que estão nos cinemas de Santos e Baixada Santista.