Os filmes de assalto são um dos subgêneros mais amados em Hollywood e, em 2001, Steven Soderbergh trouxe as telas um remake da década de 60 com elenco estelar encabeçado por George Clooney e Brad Pitt que era extremamente divertido, recheado de performances carismáticas, dirigido de forma enérgica e com reviravoltas inesperadas que possuíam uma identidade própria. Em 2018, Sandra Bullock foi uma das responsáveis por levantar essa idéia e repaginar o filme anterior com um elenco inteiramente feminino, e com a ajuda do diretor Gary Ross tentar sair da sombra de seu antecessor (um filme dominado por homens) sem rótulos ou estereótipos. Será que conseguiram?
Na trama, recém-saída da prisão, Debbie Ocean (Sandra Bullock) logo procura sua ex-parceira Lou (Cate Blanchett) para realizar um elaborado assalto: roubar um colar de diamantes no valor de US$ 150 milhões, que a Cartier mantém sempre em um cofre. O plano é convencer a empresa a emprestá-lo para que a estrela Daphne Kluger (Anne Hathaway) use a joia no badalado Met Gala, um dos eventos mais chiques e vistosos de Nova York. Para tanto, Debbie e Lou reúnem uma equipe composta apenas por mulheres: Nine Ball (Rihanna), Amita (Mindy Kaling), Constance (Awkwafina), Rose (Helena Bonham Carter) e Tammy (Sarah Paulson).
Oito Mulheres começa com uma cena idêntica ao longa de 2001, e seu diretor se contentou em fazer o básico e limitar-se a reproduzir o filme masculino, perdendo totalmente as possibilidades que a questão feminina poderiam ter dado de profundidade e importância ao longa. Gary Ross aposta em uma direção despojada, acertadamente deixando o carisma de seu forte elenco fluir e apresentando cada personagem de forma direta e espirituosa.
O roteiro, escrito pelo diretor, sai dos cassinos e se aventura com um assalto em um museu, desenvolvendo algumas soluções preguiçosas e convenientes para fazer com que a trama siga em frente. Apesar de uma redução de seus personagens em relação ao longa anterior, falta desenvolvimento e profundidade para que realmente conhecêssemos suas motivações e para que realmente comprássemos a idéia deste roubo. O público não vai se importar com as decisões tomadas pelas protagonistas e muito menos os caminhos que vão seguir para chegar até seus objetivos.
Tecnicamente, o filme tenta copiar a narrativa de Soderbergh emulando seus cortes rápidos, focos desfocados para mostrar o que acontece ao fundo, sua trilha sonora, fotografia e até a estrutura que a história é contada, o que acaba minando qualquer tipo de identidade que o longa queria criar. O grande suporte e o que tira este filme do total esquecimento é seu elenco. Além de funcionarem muito bem juntas, todas tem boas atuações e cada uma com seu momento de destaque. Em especial, Sandra Bullock e Cate Blanchett conseguem repetir a química de Clooney/Pitt aliando inteligência, carisma e elegância em todas as suas cenas juntas.
Oito Mulheres e Um Segredo segue a mesma fórmula de sucesso do longa anterior porém não apresenta nada de inovador com seu roteiro preguiçoso e situações convenientes. Mesmo assim, consegue divertir e funciona razoavelmente bem com seu elenco inspirado e com uma dinâmica incrível mas que perde a chance de ser lembrado no futuro como algo marcante.
Curiosidades: As oito atrizes principais do elenco somam quatro Oscars, dois Emmys, oito Grammys, seis Golden Globes, cinco BAFTAs e 10 SAGs.