Coluna Dois

É justa a bomba que vai estourar nas mãos de Jair Ventura?

25/05/2018
É justa a bomba que vai estourar nas mãos de Jair Ventura? | Jornal da Orla

O péssimo futebol apresentado pelo time do Santos nesta quinta-feira coloca o pescoço do treinador na guilhotina. O Peixe empatou em casa por 0 x 0 com a fraquíssima equipe peruana do Real Garcilazo, lanterna do grupo na Libertadores.

O torcedor apaixonado, e também observador atento das coisas do Peixe, Gilberto Carrega, está angustiado:
“ O Jair é muito fraco. Precisa sair urgente. Corremos sérios riscos com ele”.

Muitos dirigentes e a torcida quase toda concordam com a angústia do Gilberto. Mas a verdade é que a saída do treinador não resolve absolutamente nada.

Primeiro porque a substituição é dificílima? Cuca e a sua coleção de manias? Vanderlei Luxemburgo? Deus nos Livre !!! Vem com duas coleções: uma de práticas inadmissíveis e outra de fracassos recentes. Felipão 7 a 1? Oswaldo de Oliveira?

Se o treinador for mandado embora, o trabalho dele dificilmente vai poder ser avaliado. Por falta de material humano. A carência de jogadores de meio campo no elenco atual, com o nível que a camisa do Santos exige, é dramática. E explica 100% o mau futebol. O meio campo é um setor vital. A defesa fica desprotegida quando falta qualidade nele. E os atacantes deixam de ser municiados.

Jair Ventura deu oportunidades a todos: Vechio, Renato, Jean Mota, Diogo Vítor, Léo Citadini, Vítor Bueno, Diego Pituca… a lista é longa.

O treinador talvez possa ser responsabilizado pela teimosia do 4-3-3. Ou pelas entrevistas irritantes em que fala da posse de bola ou da escalação “ofensiva” com dois laterais que avançam, dois meias e três atacantes. A posse de bola é infrutífera e o time “ofensivo” não ataca nem consegue marcar a saída de bola do adversário.    

A bomba vai estourar na mão dele. Mas a responsabilidade é dos dirigentes. Dos atuais e dos que saíram em dezembro. 

A gestão de Modesto Roma descuidou completamente do patrimônio do Santos. Deixou a relação da torcida com bons jogadores (em termos de Brasil, ótimos) como Lucas Lima (convocado algumas vezes para a Seleção por Tite) e Zeca (campeão olímpico) se desgastar completamente até a saída deles. E entregou um clube com o cofre raspado,  sem recursos para contratar e sem crédito. O Santos não pode recorrer ao sistema bancário pelas dívidas. Não pode contar com financiamento nem de empresários nem de outros clubes pelos calotes que a gestão de Modesto Roma aplicou neles (empresário Bertolucci e contratações de Cleber Reis, Vladimir Hernandez e Bruno Henrique).

A gestão atual conhecia perfeitamente bem a situação precária do clube e as deficiências dramáticas do elenco. Dizia que tinha “planejamento”. Qual? Apostar em quê? Num milagre?

Aos corneteiros que não cansaram de xingar Lucas Lima e Zeca até conseguirem escorraçar os dois do clube, fica uma pergunta: 

– O time melhorou com a saída deles? Ou o meio campo estaria bem melhor com os dois (Zeca é segundo volante de origem e já jogou na posição neste ano no Inter)?