A seleção brasileira estreia na Copa no dia 17 de junho. Falta, portanto, menos de um mês. Nesse dia, o treinador Tite vai estar iniciando o terceiro ano à frente do time. Assumiu o cargo no dia 16 de junho de 2016.
Em relação a datas, duas observações importantes:
1. A menos de um mês, as atenções, no Brasil, ainda não estão voltadas para a Copa. Com exceção do mercado publicitário e do álbum de figurinhas, a Copa ainda não faz parte das conversas e do dia a dia. Na publicidade, destaque para a campanha da Brahma, com os rótulos da cerveja na época das conquistas de mundiais pelo Brasil. As figurinhas estão aí, mas com frisson bem menor que em outros anos.
2. Em junho de 2016, Tite assumia uma seleção completamente desacreditada. Com Felipão no comando, tinha apanhado aqui no Brasil de 7 a 1 da Alemanha na semifinal da Copa de 2014. Com Dunga, depois de 6 das 18 rodadas das eliminatórias sul-americanas, estava em sexto lugar, fora da zona de classificação.
O trabalho de recuperação da equipe brasileira por Tite foi muito bem-sucedido. O Brasil foi o primeiro país a garantir a classificação para a Copa da Rússia e chega como um dos favoritos. Esse trabalho tem ainda mais valor pela enorme dificuldade de trabalhar com a CBF, entidade desacreditada, exalando roubalheira por todos os poros. Um ex-presidente, Marin, está preso nos Estados Unidos. Outro, Ricardo Teixeira, perambula pelas sombras. E um terceiro, Del Nero, eliminado do futebol pela Fifa, não sai do país por medo de ser algemado quando descer do avião em outro país.
Tite chegou ao comando da seleção com um status profissional que permitia a ele não compactuar com os esquemas apodrecidos da CBF. Essa condição foi, inclusive, celebrada aqui neste espaço do Jornal da Orla.
Quem acreditou nisso, tem razões para estar desconfiado depois da convocação dos jogadores para a Copa, que Tite anunciou na segunda-feira.
A presença de cinco jogadores – todos questionáveis e todos ligados ao empresário Carlos Leite – é que acende essa desconfiança: Cássio, Fagner, Renato Augusto, Taison e Fred.
Existe o outro lado. As convocações podem também ser explicadas pela confiança do treinador em jogadores com os quais trabalhou e dos quais conhece bem outras características.
Tite chega na Copa com crédito. Mas a verdade é que além de desconfiar de uma equipe que perdeu de 7, e de acompanhar pela TV jogos na Europa num nível de futebol muito mais alto do que o jogado no Brasil, o torcedor, depois da convocação, passou a ter mais um motivo para estar com um pé atrás com a seleção brasileira nessa Copa:
Será que Tite entrou nos "esquemas”?