Uma das obviedades do futebol consiste em dizer que um grande time começa por um grande goleiro. O Santos preenche esse quesito. Com folga. Se ainda houvesse alguma dúvida, nesta quinta-feira ela teria se desmanchado. Mas ainda falta muito para que Jair Ventura apresente ao torcedor um grande time.
Apresentou, nesta quinta-feira, na Argentina, contra o Estudiantes de La Plata, um time "copeiro". A definição veio do próprio treinador.
O torcedor vê um time surpreendente. Recheado de jogadores jovens, formados na base, como é a característica do Santos. Até aí, nenhuma surpresa. O que surpreende, e muito, é a alma "guerreira" que o time de Jair Ventura tem mostrado. Surpreende porque, nos últimos anos, com Dorival Junior, Levir Culpi e mesmo Elano, o Peixe não dava nenhuma pista de que pudesse atuar dessa maneira.
A equipe que o Santos tem colocado em campo tem uma defesa muito firme e um ataque muito rápido e habilidoso. A firmeza do setor defensivo se apoia na segurança impressionante que o goleiro Vanderlei transmite e na marcação muito forte que o volante Alison executa na frente da zaga. No setor ofensivo, Sasha, Artur Gomes, Rodrygo e Gabigol "voam" nos contra-ataques. E essa velocidade pode até aumentar no retorno de Bruno Henrique.
Por que então, a equipe de Jair Ventura ainda não pode ser considerada um grande time?
Porque o meio-campo tem deficiências gigantescas. O Santos não tem criatividade no meio. Renato, à beira dos 39 anos, tem história no clube e representa uma referência para os garotos que estão começando. Mas contribui quase nada para a marcação e se limita aos passe laterais. É como se o time jogasse com um a menos. E, na armação, tanto Vechio como Jean Mota estão muito longe das condições mínimas para executar essa função. Diogo Vítor, que tem muito potencial, pode, num médio prazo, evoluir e amenizar um pouco essa deficiência. Mas não tem, neste momento, as características que essa posição exige.
Isso explica as oscilações do time e a alternância entre alguns excelentes resultados e partidas medíocres. Por que? Nas vitórias contra o bicho papão Palmeiras, nas semifinais do Paulista, e contra Nacional de Montevideo e Estudiantes de La Plata, pela Libertadores, o Santos enfrentou equipes que atacam e que assim abrem alguns espaços para contra-ataques. Em partidas irritantes, como nos dois empates em zero a zero contra o Botafogo de Ribeirão Preto, enfrentou uma defesa fechada e se ressentiu da falta de criatividade no meio campo.
O time "copeiro" de Jair Ventura vai disputar o Campeonato Brasileiro, cheio de times que vêm ao Pacaembu ou à Vila Belmiro retrancados. Ou seja: ou resolve essa carência ou pode ser devorado por ela.
O peso da camisa
Dos cinco maiores ganhadores da Champions League, quatro encaminharam a classificação às semifinais nesta semana. Real Madrid (12 títulos) massacrou a Juventus em Turim no jogo de ida: 3 x 0. Barcelona (5) goleou a Roma em casa: 4 x 1. Bayern (5 títulos) virou pra cima do espanhol Sevilla fora de casa: 2 x 1. E o Liverpool (também ganhador da Champions 5 vezes) fez 3 x 0, em casa, no novo-rico Manchester City.
Outros novos-ricos, Chelsea e PSG de Neymar, já tinham sido eliminados por Barcelona e Real. Dos gigantes tradicionais, só o Milan, decadente, mas com 7 conquistas, está fora.