Na semana passada, o texto publicado neste espaço do Jornal da Orla trazia o título: "Santos: Esperança no time e decepção com a nova gestão".
Vale a pena reproduzir o parágrafo que analisava o time:
"Esse único pontinho em nove disputados (derrotas para Real Garcilaso e Novorizontino e empate com Corinthians) aborrece e irrita o torcedor. Mas é enganador. Não traduz a evolução que o time vem tendo nas mãos do treinador Jair Ventura. Isso porque as derrotas aconteceram na altitude de Cuzco, que coloca os adversários dos times locais numa desvantagem quase insuperável, e num estádio tão alagado, no interior de São Paulo, que tornava o futebol absolutamente impraticável. Referência melhor é a do jogo contra o Corinthians. Com Leo Citadini no lugar de Renato, o Peixe conseguiu encurralar no segundo tempo, um adversário em estágio muito mais adiantado de formação e entrosamento como o Corinthians, e poderia até ter ganhado se não tivesse sido prejudicado por um erro clamoroso de arbitragem".
Os acontecimentos desta semana confirmam plenamente essa análise. Em campo, uma atuação de gala contra o cascudo Nacional de Montevideo, no Pacaembu, pela Libertadores da América. Não só pela vitória por 3 x1, mesmo com um jogador a menos desde o final do primeiro tempo, pela expulsão (injusta) do atacante Gabriel. Mas, principalmente, pela evolução que a equipe mostra com o treinador Jair Ventura e por várias atuações individuais: Alison, Sasha, Citadini, Daniel Guedes, Dodô e, principalmente, o garoto Rodrygo, autor de um golaço num momento crucial do jogo. Há muito tempo o time do Santos não disputava uma partida nesse nível de quinta-feira. Talvez desde os quatro jogos contra o Corinthians pelas quartas de finais e os dois contra o São Paulo pelas semifinais da Copa do Brasil de 2015. O torcedor tem motivos para estar entusiasmado.
Fora de campo, a análise pessimista também se confirma. A direção bate cabeça e coleciona trapalhadas.
Nesta semana, uma reportagem publicada no portal UOL retrata o "racha" e a disputa por espaço e poder entre o presidente e o vice-presidente do Santos.
Esse portal, nesta década, caracteriza a cobertura dada aos assuntos do Peixe pelo tom de fofoca. Nessa reportagem, por exemplo, procura maximizar a gravidade de algumas divergências perfeitamente naturais entre dirigentes de qualquer entidade. O problema é que, mesmo descontando essa tendenciosidade do portal, dá para perceber que o clima é péssimo no Comitê de Gestão do clube.
Previsível? Sim. Totalmente. O vice escolhido por Peres tem antecedentes complicados no clube, na relação com o poder. Primeiro quando foi vice-presidente do Conselho Deliberativo, na Mesa presidida pelo excelente André de Fazio, com quem bateu de frente e tentou derrubar do cargo. E depois como candidato à presidência, em 2014, quando denunciou o caso das carteirinhas falsas, que as investigações do setor de Tecnologia de Informação do Santos demonstrou terem sido entregues em endereços ligados a diretores e componentes da Terceira Via Santista, entidade que tinha sido presidida por ele.
Jair Ventura chega ao final desta semana de bem com a torcida: nota dez para ele. Já o clima no Comitê de Gestão, preocupa o torcedor. É importante que os componentes do CG pensem nisso e adotem uma atitude que, pelo menos, não prejudique o trabalho promissor que o treinador vem fazendo.