Foi dada a largada para a temporada de 2018 no futebol brasileiro. Os atletas profissionais voltam de férias e se preparam fisicamente na pré-temporada, cada vez mais importante e valorizada. O público do futebol dirige as atenções, neste momento, para os campeonatos europeus e para a Copa São Paulo. Naqueles está a qualidade de jogo inalcançável neste momento pelos clubes sul-americanos. Na Copinha, disputada por 128 clubes e mais de 2 mil atletas sub-21, estão os futuros craques que o país está produzindo.
O mercado de transferências, movimentado nessa época do ano, traduz o abismo entre o futebol europeu e o brasileiro. O zagueiro holandês Virgil Van Dijk, de 26 anos, trocou o Southampton pelo Liverpool, ambos ingleses, por 85 milhões de euros!!! Em reais, com a cotação o euro em R$ 3,905, dá quase 332 milhões. O Liverpool, apesar da enorme tradição, não figura entre os gigantes do futebol europeu no momento. Mas só essa contratação de zagueiro equivale a 70% da receita total do Palmeiras, clube brasileiro que mais faturou em 2016. A quantia supera em 54% a renda total de R$ 215 milhões do Santos no mesmo ano. Os números de 2017 ainda não estão contabilizados.
No mercado brasileiro, a realidade é outra. Nenhum clube sonha com contratações milionárias. Pelo contrário. Os cartolas têm dificuldades de anunciar mesmo reforços mais baratos, com exceção de Palmeiras, Cruzeiro e Flamengo. O antes poderoso São Paulo pode até não conseguir manter no elenco o veterano Hernanes, estrela da companhia no ano passado, na luta contra o rebaixamento.
Nesse cenário, o Santos, sob a nova direção de José Carlos Peres, perdeu alguns atletas importantes e está com dificuldades para conseguir reposições. Saíram Lucas Lima, Zeca e o veteraníssimo Ricardo Oliveira. Podem voltar Gabigol e Robinho. Ainda assim, o elenco tem uma estrutura de razoável para boa: goleiro excepcional, zagueiros muito acima da média do futebol brasileiro, alas eficientes, um volante que evoluiu, um bom atacante pelos lados e a expectativa da volta de lesão de Vítor Bueno.
O novo treinador, Jair Ventura, chega com a expectativa da torcida de que consiga montar um time que concilie a valorização do jogo coletivo e mantenha a tradição de futebol ofensivo do clube.
Jair, no Botafogo, mostrou capacidade de trabalhar com jogadores jovens, o que no Peixe é uma tradição. O Santos tem uma trajetória pontuada por grandes conquistas em "safras" de jogadores com talentos extraordinários revelados na base: Pelé e Pepe no final da década de 50, Clodoaldo e Edu na de 60, Juari e Pita, em 78, Diego e Robinho em 2002 e Neymar e Ganso em 2010.
É provável que ele não encontre jogadores deste quilate. Mas observadores atentos das divisões de base entendem que o clube vai dar a Jair Ventura algumas opções bem interessantes para montar o time principal.
José Carlos Reis Santana, um desses observadores, aposta no futuro do zagueiro Mateus Gabriel, dos alas Rhuan e Robson, dos meias Gabriel Calabrês, Guilherme Nunes e Francisco Anderson e do atacante Nicolas. O professor de escolinha de futebol, Emílio Justo, entende que o volante Gregory e o meia atacante Diogo Vítor, ex-problemático que já deu alguns perdidos no Peixe, estão praticamente prontos para serem titulares do time principal.
Se houver paciência da torcida e experiência do treinador para lançar esses jogadores, tem quase um time inteiro aí…