No mês de setembro, que estamos encerrando, comemoramos 51 anos de uma série de TV que fez sucesso na década de 1970. Muitos leitores dessa coluna devem se lembrar daquela série de TV, lançada na América no Norte em 9 de setembro de 1966 e que passou a ser transmitida na extinta TV Tupi já no ano seguinte, no Brasil. Aquelas aventuras semanais marcaram presença em alguns canais, até que chegaram à TV Globo em 1971, onde permaneceram até o ano de 1982. Esses dados podem rapidamente ser pesquisados pelas atuais gerações na moderna "biblioteca" Google, mas as emoções vivenciadas com aquelas aventuras, por minha geração, não necessitam de nenhuma pesquisa na web.
Para minha geração, bastam as lembranças das aventuras de Tony Newman e Doug Phillips, dois cientistas que trabalhavam para o governo norte-americano, nno projeto supersecreto Tic-Toc, buscando gerar uma máquina para viajar no tempo. Mas eles não tinham mais recursos do governo para continuar o projeto e resolveram servir como cobaias, testando a máquina, mesmo antes de comprovações de seu funcionamento.
Fizeram a primeira viagem no tempo e então descobriram que não tinham energia para retornar ao seu tempo original. Restava aos seus companheiros, que ficaram na base, fazer com que a máquina transferisse seus amigos para novos tempos e novos locais, quando estivessem em perigo. Sempre que eram jogados em novos momentos da história, os cientistas cobaias perguntavam para a base: "onde estamos". E, de imediato, se iniciava uma pesquisa de fatos que pudessem identificar exatamente o local e época que os viajantes estavam vivenciando.
Pois bem, neste mesmo mês de setembro, estamos vivenciando no Porto de Santos um movimento de túnel do tempo. Estamos retornando ao passado, mesmo sem necessitar da potente máquina do tempo. Ao participar de um evento portuário em nossa cidade, o vice-governador, Márcio França, defendeu a implantação de uma ligação seca entre as margens do canal do Porto de Santos, na região da entrada da Cidade de Santos. Anunciou que tal ligação poderá ser implantada pela concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes, dentro de seu contrato de concessão, e que a formalização do instrumento legal está apenas dependendo das avaliações do Tribunal de Contas do Estado, que se encontram na fase final.
Por justiça dos fatos, ressalto que Márcio França sempre defendeu isso. Quando ouvi a nova defesa desta solução, agora em 2017, me imaginei entrando naquele círculo infinito com aquela música tradicional, que jogava os antigos cientistas numa viagem no tempo. Senti-me participante do Túnel do Tempo.
Entretanto, não precisei perguntar onde estamos. Parecia que estávamos voltando a 2010, quando, depois de vários debates, análises, eventos públicos e estudos técnicos, ficou definida a entrada da cidade como a melhor região para a ligação seca entre as margens do canal do Porto de Santos.
Tudo caminhava bem, o traçado de tal ligação saindo do Saboó, na margem direita, e chegando ao lado da Ilha do Barnabé, na margem esquerda, debatido e aprovado pela Codesp e a Prefeitura de Santos, foi finalmente apresentado pela Concessionária do Sistema Anchieta-Imigrantes, que se propunha a realizar o empreendimento, apenas com uma revisão contratual.
Porém, bastou o início do novo Governo no Estado para que tudo fosse colocado "água a baixo", com a nova ideia de ligação seca. Desculpem o trocadilho, mas os fatos são tragicômicos. Com o novo governo estadual, abandonou-se todo o trabalho técnico do passado e substituiu-o pela ideia de uma ligação na região central do Porto e da Cidade. Em confronto com todo o trabalho efetivamente técnico anteriormente realizado.
Felizmente, parece que estamos todos entrando no túnel do tempo, sob o comando do vice e futuro governador Márcio França, para consertar o tempo perdido e, principalmente, retomar à direção correta.
Sim, futuro governador, pois já deve tomar posse no primeiro semestre do próximo ano, substituindo o atual, que deve abrir mão do mandato para disputar a Presidência da República.
A ligação seca na entrada da Cidade não é uma questão de desejo. É uma decisão técnica e estrategicamente a mais indicada. Vamos nos manter no túnel do tempo, até que tenhamos garantida essa correta ligação seca. Somente devemos abandonar este tempo e decisão quando pudermos garantir a data da inauguração dessa obra de engenharia efetiva, evitando festividades com maquetes e ilusões das imagens virtuais, que não atendem às necessidades de nossas cidades e de nosso Porto de Santos. Esta volta no túnel do tempo deve ser festejada e garantida!