Por que surpreendente? A crítica é natural diante da coleção de fracassos do Verdão neste ano, você deve estar pensando. Surpreendente porque esses mesmos jornalistas cobriram o dirigente de elogios durante todo o primeiro semestre.
Ou você não lembra? O Palmeiras era um modelo de administração para o resto dos clubes do Brasil. Tinha elenco qualificado e planejado para entrar como favorito em todas as competições que disputasse na temporada. Muitos arriscavam dizer que ia ganhar tudo.
Ou seja: todos esses formadores de opinião erraram com Alexandre Mattos. E o curioso é que os que mais erraram são justamente os que atiram as pedras maiores nele.
A ESPN, que tem uma equipe de jornalistas gabaritados, uma das melhores do país, chegou ao disparate de comparar, ao vivo, com um quadro na tela da TV, jogador por jogador, o Palmeiras com o bicho-papão Real Madrid, um dos melhores times do mundo, campeão da Champions League europeia. Isso porque os palmeirenses eram apontados, em abril/maio, como o mais provável adversário dos merengues na final do Mundial de Clubes da Fifa. Se você colocar essas palavras: “ESPN compara Palmeiras com Real Madrid” numa página de busca na internet, pode conferir a comparação.
Errar é humano. Alexandre Mattos errou. Contratou como treinador Eduardo Baptista, ainda sem estrada para lidar com um elenco em que pelo menos dois jogadores tinham condições de ser titulares em cada posição. E com egos inflados, como o de Felipe Mello. O grupo rachou. Acontece. Aí, é reconhecer o erro. Vale para Alexandre Mattos. Vale também para nós jornalistas.
Este mês de agosto também marcou o fiasco de uma outra previsão de uma multidão de cronistas esportivos, principalmente os são-paulinos, corintianos e palmeirenses: a de que Neymar nunca jogaria na Europa.
Quantas vezes você ouviu aquela história de que ele era “Cai-cai”? De que fazia mais cena do que jogava bola? Se você lembrar bem, essa conversa começava no rádio e na televisão, passava pelos jornais e só depois era adotada pelos torcedores dos rivais do Peixe. Neymar fazia o gol mais bonito do ano pelo Santos contra o Flamengo? Cai-cai. Fazia dois gols de arrancada desde o campo do Santos contra o Inter? Cai-cai! Ganhava a Libertadores, era aplaudido pela torcida do Cruzeiro no Mineirão? Nunca conseguiria jogar na Europa. Como está a cara desse pessoal agora, que ele é o jogador mais caro da história do futebol?
Com Neymar, TV paga encara a aberta
A ida de Neymar para o Paris St Germain provocou uma revolução nos números da TV paga de esportes no Brasil. A Ligue 1, Campeonato Francês, antes ignorada, passou a protagonista. A estreia de Neymar rendeu a liderança entre todos os canais pagos para o SporTV, com 2,8 milhões de telespectadores e o terceiro lugar para a ESPN. Desbancou o Barcelona do primeiro lugar nesse público no Brasil. A própria Rede Globo, que detém os direitos de transmissão da Ligue 1 até o final dessa temporada, em junho do ano que vem, pensou em transmitir o jogo. Certamente atrairia mais que os frágeis 17 pontos, equivalentes a 6,8 milhões de telespectadores de Palmeiras e Vasco naquela tarde de domingo.
Poupar ou não, eis a questão
Os jogos de volta das semifinais da Copa do Brasil, nesta quarta-feira, deram razão aos adversários da decisão de poupar jogadores antes de jogos decisivos. O Botafogo poupou o time todo no jogo contra a Ponte Preta no domingo, pelo Brasileiro. Perdeu por 2 x 1. E na quarta, perdeu também a vaga para a final da Copa para o Flamengo que colocou os titulares em campo contra o Atlético Goianiense no sábado e ganhou por 2 a zero. O Grêmio poupou no domingo contra o Furacão, em casa. Empatou por zero a zero e perdeu a vaga na final da Copa para o Cruzeiro que, também no domingo, utilizou os titulares para vencer o Sport Recife por 2 a zero.