Datas Comemorativas

Que hora boa para ser pai!

12/08/2017
Que hora boa para ser pai! | Jornal da Orla

Não há livro de regulamentos, manual de instruções ou curso que ensine a função. Só se aprende a ser pai na prática. Mas é, antes de tudo, um estado de espírito. E uma questão de escolha. Não deles, mas de uma circunstância na qual o destino, como se apontasse um dedo desafiador, dissesse: "Você foi o escolhido para ser o genitor desta criança. Faça o seu melhor". 

Reunimos três histórias que mostram pais que perceberam a importância da missão e a cumpriram da maneira mais bela possível. Alexandre adotou Duda e Malu. Luciano tinha 14 anos quando o filho Fernando nasceu. Jaime acabara de fazer 61 quando (na época caçula) Emmanuel veio ao mundo – dois anos antes de outra filha, Emanuella, nascer.
 

“Pensam que somos irmãos”

Hoje, o técnico em manutenção Luciano Almeida, 40 anos, respira aliviado. Mas quando seu primeiro filho nasceu, a situação era bem diferente por um detalhe:  ele tinha 14 anos, mas descobriu a gravidez da namorada aos 13. “Na época, chocou as famílias. Eu saí de casa para morar com ela. Para registrar o Fernando, no cartório, eu assinei pelo bebê e minha mãe assinou por mim. A consciência de pai só foi cair quando ele tinha três anos”, explica.

O casal de adolescentes logo se separou, mas a responsabilidade com Fernando só aumentou. “Eu não tive a presença do meu pai. Na minha certidão de nascimento não tenho o nome dele. Apesar de ser novo, eu sentia que tinha que ser um pai presente para o meu filho. Quando ele era criança, os amiguinhos ficavam impressionados porque eu jogava videogame com eles. Hoje, as pessoas sempre pensam que somos irmãos, pois a gente se veste do mesmo jeito e curte as mesmas coisas”.

Luciano tanto gostou de ser pai que, aos 22 anos, teve Luana (hoje, com 18), fruto de outro relacionamento. “Na minha segunda filha, eu aproveitei todos os momentos. Curti muito. Todo fim de semana, ela vem pra minha casa”.


Vovô aos 35 anos, ele garante que a sensação de ter uma neta é como ser pai novamente. “Meu filho também foi pai cedo, com 20 anos. É muito legal ouvir a minha netinha falando vovô”. Para ele, o segredo de ter os filhos sempre por perto é a amizade. “Eles sempre vêm me falar algum segredo ou necessidade. Eu sinto que eles têm confiança em mim. Por isso, acho que ser pai é ser amigo”, conclui.

 

Pai após os 60 anos

No auge dos seus 61 anos, com três filhos adultos, o aposentado Jaime Teixeira se viu rodeado de fraldas, chupetas e mamadeiras outra vez. Na época ideal para ser avô, ele se tornou pai de Emmanuel (hoje, com 16 anos) e Emanuella (14). “Eu estava casado com minha segunda esposa, Sandra, e a gravidez não foi programada. Fui com ela até o posto de saúde do Macuco para confirmar se ela estava grávida mesmo”, brinca.

A família do primeiro casamento não foi unânime em aceitar a gravidez de Sandra, 38 anos mais nova que Jaime e mais jovem que os três primeiros filhos dele. “Quando o Emmanuel nasceu, a minha filha mais velha tinha 40 anos. Ela não falava com a minha esposa atual. Os outros dois filhos aceitaram a gravidez. Com um pé atrás, mas aceitaram”, relembra.  

Com os bebês veio a preocupação com a estabilidade financeira, pois ele estava prestes a se aposentar. “Foi uma satisfação ter filhos de novo, mas meu pensamento era em como criar essas duas crianças. Vendi algumas propriedades e logo saiu a minha aposentadoria. Hoje, eles são estão criados, são bonzinhos e até tiram boas notas na escola”. 


A energia com os filhos mais novos, conta Jaime, não é a mesma devido a idade avançada. “Quando os primeiros filhos nasceram eu era mais ativo. Eu cheguei a ser técnico de futebol, fazia atividade física, jogava bola com os amigos das crianças”. 

Hoje com 76 anos, morando em Londrina (PR), Jaime sonha com o futuro dos filhos e faz planos de voltar a viver em Santos. “Eu me considero um ancião, me sinto cansado, mas não desisto. Quero voltar pra Santos, mas, antes, eu gostaria de ver meus filhos formados na faculdade”.

 

Pai o tempo todo

Quando Maria Eduarda chegou, fazia cinco anos desde que o advogado Alexandre Machado e a médica Cristiane Diz se uniram em matrimônio. O bebê frágil e de olhar expressivo, com dois meses de idade, conquistou o novo papai no primeiro momento. Um ano depois chegou Maria Luiza. Aí, sim, a família ficou completa. “Elas são sensacionais, são parceirinhas. Não tem uma pessoa que não se apaixone por elas”, diz o pai orgulhoso, enquanto revê algumas fotos com as pequenas.

O procedimento para a adoção de Duda (hoje, com 5 anos) foi de dois anos e meio, porque existe um (longo e cansativo) processo até entrar para o Cadastro Nacional de Adoção. “É demorado, tem todo um processo de habilitação social. Quem quer adotar não pode escolher muito e tem que saber que o que vier é porque está destinado pra você. Nós queríamos uma criança de zero a dois anos, de qualquer raça ou sexo e, caso tivesse alguma doença, que fosse tratável, porque minha esposa é médica. Conseguimos adotar a Duda, que tem uma história dura, mas é uma menina linda. No caso da Malu (4 anos), um ano depois, o juiz de Santos nos avisou que havia um bebê com o nosso perfil. Quando você bate o olho na criança, você sabe que ela é sua”. 

Alexandre e Cris tiveram dificuldade para engravidar, mas a adoção sempre foi uma certeza para o casal. “Meu pai é adotado e eu queria adotar uma criança. As meninas sabem que são adotadas, são filhas do coração”. E que coração! Depois de banho e pentear os cabelos das pequenas, ele gosta de enfeitá-las com lacinhos, óculos escuros e até pinta as unhas delas. 


“Eu sou pai fulltime (o tempo todo). A Duda é mais princesinha. Já a Malu é bagunceira, estabanada, mas gosta de sair de casa produzida, não sai sem pentear os cabelos e adora posar pra foto. Eu gosto de cuidar, tinha mesmo que ser pai de menina!”.


Remar é a atividade que pai e filhas mais gostam de fazer juntos. “Eu venho de uma formação voltada para a natureza e elas já estão crescendo com esse conceito. Sempre as levo para remar, andar de bicicleta. Elas são aventureiras, encaram tudo”.  Menos quando o assunto é aumentar a família. “Nós pensamos em adotar um menininho, mas elas são reticentes. Dizem que menino é chato”, diverte-se Alexandre.