Quando o PSG goleou o Barcelona por 4×0, há pouco menos de um mês, muitos apontaram o dedo para a temporada de altos e baixos do clube catalão e para o treinador Luis Enrique, que já comunicou a saída do cargo. Inclusive esta coluna do Jornal da Orla. Contudo, a tragédia em Paris realmente não foi acidente de percurso.
O Barcelona tem os craques, mas vinha mal taticamente. No jogo seguinte, uma vitória suada contra o minúsculo Leganés por 2 a 1 em casa, com gol de pênalti no fim. A chave parece ter virado aí. As três partidas seguintes foram animadoras. Vitória contra o Atlético de Madrid fora de casa e dois shows contra Gijón e Celta de Vigo em sequência, 6×1 e 5×0, em casa, no Camp Nou. Coincidentemente, dois placares que seriam milagrosos para o Barcelona contra o PSG.
Como virar um jogo impossível? “Se há um time que pode virar, esse time é o Barcelona”, disse Luis Enrique dias antes da partida. O que aconteceu nesse 8 de março de 2017 nunca mais sairá da memória de nenhum espectador. Daqui 20, 50, 100 anos. Foi histórico, épico, epopeico. Qualquer adjetivo é pouco pra sintetizar a absurda virada que o Barcelona construiu.
Não podemos esquecer de citar que, mais uma vez, o Barcelona foi, sim, ajudado pela arbitragem. Do mesmo jeito que o Chelsea foi ainda mais prejudicado que o PSG em 2009, naquele também histórico gol de Iniesta nos acréscimos que levou os catalães à final e depois ao título. Foi pênalti claro no carrinho atabalhoado de braços abertos de Mascherano. A simulação de Suárez foi patética e escandalosa para sair o quinto gol. Muitos acham que o do terceiro, em Neymar, também não foi, mas a queda de Meunier obstrui a passagem do esperto ex-santista. Pênalti.
Quando saiu a escalação do Barcelona, falaram que o time jogaria no 3-4-3, a la Chelsea de Conte. Engano. A virada cinematográfica veio com um esquisito 3-3-1-3. A intenção era que Messi sobrasse entre as linhas, mas o argentino, muito de costas para o gol, não se encontrou no posicionamento diferente. A bola passou demais pelos pés dos zagueiros, em grande noite, diga-se de passagem.
E o que falar para Unay Emery, o técnico do PSG? Provavelmente ele não deve acreditar até agora no que viu. O pior de tudo: o espanhol traçou uma estratégia correta para o time. Tirou o espaço de Messi, conseguiu o contra-ataque, achou o gol fora. Porém Cavani e Di María perderam chances preciosas que evitariam a humilhação histórica que o clube passou.
Chega até a ser cômico falar isso visto o placar, mas o Barcelona não jogou maravilhosamente bem para meter 6 a 1. Os gols foram na pressão, na camisa, na insistência, na crença. Nenhum veio após uma grande troca de passes que caracterizou o futebol azul e grená nos últimos 15 anos. A sorte é que Barcelona teve um Neymar gigante em campo, acreditando até o último momento, fazendo golaço de falta. O que foi o corte frio no marcador para cruzar a bola do gol heroico? Algum sangue corre naquelas veias? Definitivamente, o camisa 11 mudou de patamar no futebol europeu.
E num jogo imponderável, quem mais poderia fazer o gol da classificação? Tinha que ter um herói improvável. O capítulo final ficou no toque do polivalente Sergi Roberto, 25 anos. O último dele havia sido 29 de setembro de 2015. Precisava ser uma cria das canteras do Barcelona. Uma resposta para a temporada em que o clube mais gastou com reforços nos últimos anos.
Impossível não lembrar da frase do treinador italiano Arrigo Sacchi e do brasileiro Nelson Rodrigues: “Das coisas menos importantes do mundo, o futebol é a mais importante”.
Brasileiros na Libertadores
Sete dos oito clubes brasileiros que disputam a Copa já estrearam na fase de grupos. Nenhuma derrota. Destaque para o Flamengo que massacrou o time do papa Francisco, San Lorenzo, no Maracanã: 4 a zero. Grêmio e Chape venceram fora de casa adversários inexpressivos (Zamora e Zulia). Palmeiras e Galo empataram fora de casa com adversários fracos (Tucuman e Godoy Cruz). Furacão empatou em casa com a Universidade Católica e o Peixe empatou fora com o Sporting Cristal. O Botafogo estréia no Engenhão, na terça contra o Estudiantes.
Até quando?
É fato que nenhum jogador do Santos faz uma temporada irretocável até o momento, mas alguns nomes deixam mais a desejar e a torcida começa a perder a paciência. Já ficou bem óbvio que Copete não tem bola pra ser titular. Será que Dorival Junior não consegue perceber a fragilidade e a falta de inteligência do ponta? Outro que caiu em desgraça é Victor Ferraz. Muito, muito mal no jogo de quinta-feira. Vitor Bueno e Zeca devem ligar o alerta. Ninguém pode ter vaga cativa no time.
Rodada do Paulista
Os grandes de São Paulo viram a chave da Libertadores e da Copa do Brasil no final de semana para a do Paulista. Sábado, às 16h00 o Palmeiras recebe o São Paulo no Allianz Parque. No domingo, o Corinthians sai para enfrentar a Ponte em Campinas às 16h00 e o Santos, único dos 4 fora da zona de classificação, para encarar o São Bernardo no ABC às 18h30.