Coluna Dois

O futebol é como a nuvem…

18/02/2017
O futebol é como a nuvem… | Jornal da Orla
“Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou.”

Se em vez de político o mineiro Magalhães Pinto fosse cartola, trocaria a palavra “política” por “futebol” e a frase dele também teria se tornado clássica.

Na rodada de abertura do Paulistão, praticamente todos os comentaristas esportivos apontaram Santos e Palmeiras como as duas principais forças do Campeonato e até da temporada, bem à frente de Corinthians e São Paulo.

A manutenção dos elencos do ano passado e a qualidade dos reforços contratados respaldavam as análises e também o bom-humor das duas torcidas. O Santos tinha goleado o Linense e o Palmeiras estreado com vitória diante do Botafogo. O São Paulo tinha apanhado de 4 do Audax.

A nuvem mudou. Nesta semana o São Paulo bateu o Santos em plena Vila  Belmiro por 3 a 1. No Palmeiras, depois da derrota para o Ituano no domingo, o treinador Eduardo Batista já começou a receber cornetadas.

A torcida são-paulina abriu o sorriso com as vitórias e com as chegadas de Jucilei e Lucas Pratto.

O torcedor santista está com a cara fechada e a testa franzida de preocupação.
Mas não há motivo para tudo isso. Um conjunto de fatores contribuiu para a derrota de quarta-feira:

1) A zaga improvisada. Os zagueiros Gustavo Henrique e Luís Felipe se recuperam de cirurgias, David Braz de lesão e Cleber ainda não estreou.

2) Goleiro reserva.

3) Ausência de dois jogadores fundamentais: Renato e Ricardo Oliveira. Leandro Donizete não tem a capacidade de distribuição do jogo e a saída de bola de Renato e Rodrigão não tem a colocação, o poder de finalização e o toque de bola de Oliveira.

4) A atuação apagada de Lucas Lima, com visíveis problemas físicos durante o jogo.

5) Dia ruim do treinador. Escalou mal, substituiu pior ainda. Desfigurou o time amontoando atacantes no segundo tempo.

Assim, não há motivos para a cara fechada e a testa franzida do santista. A nuvem deve voltar rapidamente ao formato do bom futebol.

Preocupam sim, as vaias para o principal jogador do time, Lucas Lima, o futebol mostrado nesses dois primeiros jogos por Leandro Donizete e a greve de silêncio dos jogadores provocada pela demissão do gerente Sergio Dimas.
Seria muito bom que uma grande atuação do meia fizesse a reaproximação dele rapidamente com os torcedores.

No caso do volante, que completa 35 anos em maio e que tem 3 anos de contrato, talvez com ritmo de jogo em mais partidas…
Quanto ao silêncio, as entrevistas estão previstas em contratos que obrigatoriamente devem ser respeitados.

Oportunidade
 
Nos últimos anos, a Champions League foi dominada pelos gigantes Real Madrid, Bayern e Barcelona, além do Atlético de Madrid. Nesta temporada, os dois primeiros lideram as ligas nacionais, colocaram um pé nas quartas-de-final, mas deixaram dúvidas ao longo das competições. Não convenceram em muitos jogos. O Barcelona está praticamente eliminado e o Atlético não vem bem, mas sabe jogar mata-mata. Dois times podem acreditar em título nesta temporada: o PSG, bem armado pelo espanhol Unai Emery, e a Juventus, que manda no futebol italiano há seis temporadas.
 
Não foi surpresa
 
O baile do PSG contra o Barcelona pode ter sido encarado por muitos como uma grande surpresa. Claro, 4×0 foi muito. E do jeito que foi, também. Mas o Barcelona peca muito nessa temporada. Luis Enrique não consegue organizar o time sem a bola. A recomposição é ruim e deixa os zagueiros expostos. A insistência no inoperante André Gomes e a temporada ruim de Iniesta estão no bolo. O trio MSN tem que resolver. Apagados e bem marcados, não viram a cor da bola. Nos jogos mais complicados fora de casa já era visível a dificuldade. Em 19 jogos, o Barça não venceu oito, justamente contra adversários mais “chatos”, como Villareal, Celta de Vigo, Bilbao, Manchester City e Real Sociedad, por exemplo. Dificilmente Luis Enrique vai permanecer no cargo.

Diferença
 
A zaga montada por Dorival Junior nas três primeiras rodadas do Paulistão foi um fracasso. Lucas Veríssimo, 5a opção do setor, e Yuri, improvisado, não inspiram confiança nenhuma na torcida santista. Vale lembrar que Leandro Donizete, fora de forma, não ajuda na proteção. Foram sete gols sofridos em apenas três jogos. No ano passado, o Peixe demorou 12 jogos na temporada para levar os mesmos sete gols. 

Quem diria
 
Mais uma vez, a Roma é o grande rival da Juventus no Campeonato Italiano. É missão quase impossível parar a Velha Senhora. O hexacampeonato está encaminhado, já com sete pontos de distância. Mesmo assim, a boa campanha da Roma tem a participação de dois ex-santistas. Os laterais Bruno Peres e Emerson Palmieri são titulares absolutos de Luciano Spalletti. O segundo marcou um golaço na goleada contra o Villareal, 4×0, fora de casa, pela Europa League, nesta semana. Quando saíram do Peixe, alguém imaginava em saudade?