Perimetral

Gangorra dos empregos em alta no porto

11/02/2017
No ano passado comentei, em várias ocasiões, os reflexos em várias ocasiões, os reflexos negativos sobre os empregos no Porto de Santos, como resultado da grave crise econômica que o país vivencia. Destaquei ser ainda mais preocupante que a queda dos postos de trabalho no sistema portuário se acentuava no segmento de contêineres, que tem grande envolvimento com os demais serviços correlatos.

As operações de contêineres geram atividades complementares que ajudam o giro da economia da cidade e região onde o porto está instalado. As desovas e estufagens de contêineres, seus transportes entre o porto e retroporto, suas armazenagens e outros serviços logísticos e aduaneiros são bons exemplos dos reflexos das movimentações de contêineres no complexo portuário.

Naquelas oportunidades, comentei que alardear que o porto continuava batendo recordes nas tonelagens movimentadas não necessariamente representava ganhos em postos de trabalho, já que os quantitativos estavam fortemente concentrados nas operações com granéis.

Os granéis cresciam e os contêineres se reduziam. Justamente por isso, enquanto o porto crescia em tonelagem movimentada, várias dispensas de trabalhadores ocorriam no segmento de contêineres.

Nesta semana, os sinais de mudanças na gangorra dos postos de trabalho começaram a se materializar. A imprensa divulgou que a operação de contêineres estava novamente contratando trabalhadores portuários.

Notícias de alívio para alguns trabalhadores que foram dispensados no passado e podem agora tentar seu reaproveitamento nesta nova fase de contratações.
Estas contratações demonstram que a economia pode estar reagindo, já que as operações de contêineres envolvem produtos de maior valor agregado e, portanto, maior movimentação econômica.

Entretanto, estes novos postos de trabalho podem também representar uma nova acomodação, nas disputas mercadológicas dos terminais operadores de contêineres no Porto de Santos.

O contínuo acompanhamento das estatísticas demonstrará rapidamente se estamos vivenciando um novo ciclo de crescimento nas operações de contêineres no porto ou se estamos acompanhando um rearranjo mercadológico em tal segmento, nas disputas entre os terminais especializados.

O tempo demonstrará. Mas, independentemente da motivação desta onda de contratações, certamente os trabalhadores que conseguirem tais vagas de emprego poderão sentir alívios e findarem períodos de tensões, quando compuseram o grande contingente de desempregados de nosso país.

Mesmo ainda não sendo possível garantir o ciclo de empregos, uma coisa é preciso destacar: numa economia de mercado como vivencia o nosso país, é absolutamente normal, muito embora doloroso, que os trabalhadores corram o risco de perder seus empregos, quando sua empresa empregadora sofre reduções contínuas de suas atividades. Também, de outro lado, é salutar que os empregos cresçam, quando a empresa se desenvolve ou volte a recuperar mercados perdidos.

Esta gangorra do emprego é natural, mesmo que possamos entender que seja cruel, em alguns momentos. Para alguns trabalhadores de nossa cidade e região, nesse momento esta gangorra propicia momentos festivos e de reconforto, social e familiar. Precisamos valorizar este momento e atuar, no que for de nosso alcance, para que esta fase positiva se mantenha e se desenvolva.

Certamente, os executivos das empresas preferem muito mais atuar neste momento de gangorra se elevando para os postos de trabalho, do que nas difíceis fases de gangorra em baixa, com as difíceis decisões sobre demissões. O mais importante nestas fases é atuarmos para garantir os postos de trabalho e as elevações da gangorra, de forma sustentável, sem artificialismo e imposições.
Se os postos de trabalho forem efetivamente necessários, as decisões para as dispensas dos trabalhadores sempre serão postergadas ao máximo.

Empregos artificiais não se sustentam por muito tempo. Portanto, creio que, nesta fase de ainda dúvidas sobre o futuro econômico nacional, a constatação de contratações demonstra que tais empregos são realmente necessários e podem representar novos cenários positivos para nosso porto e nossa cidade.