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Boqueirão: lugar ideal para morar e passear

23/10/2016
Boqueirão: lugar ideal para morar e passear | Jornal da Orla
Situado entre as duas pontas da orla de Santos – a da Praia e o José Menino -, o Boqueirão parece perto de tudo e ponto de passagem para todos. A diversificada rede de serviços o torna autossuficiente: nele se encontram hospitais, clínicas, supermercados, escolas, faculdades, agências bancárias, restaurantes, farmácias e uma série de prestadores de serviços que facilitam a vida dos moradores. O que explica a presença de tantos idosos na população local.
 
O Boqueirão está localizado em um quadrilátero entre a praia, as Avenidas Washington Luiz e Siqueira Campos (canal 3 e 4) e as Avenidas Afonso Pena e Francisco Glicério. O bairro foi residência de figuras ilustres, como o poeta Vicente de Carvalho, que morou em uma casa na Rua Oswaldo Cruz, e endereço do Parque Indígena Júlio Conceição (localizado na esquina da praia, de onde originou o acervo de orquídeas do Orquidário Municipal). 
 
Antigo Caminho para o Mar
Se hoje o bairro do Boqueirão é sinônimo de modernidade, no passado servia de trilha para a população chegar à praia. O nome, de origem indígena, significa “boca grande”, e os registros de sua primeira utilização remetem ao início do século 19, quando a maior parte da população santista morava no Centro e costumava ir à praia pelo Caminho Velho da Barra (atuais ruas Brás Cubas, Luís de Camões e Oswaldo Cruz).
Com menos de 1 km de extensão, a orla do Boqueirão é uma das mais movimentadas e bonitas de Santos. Ai se encontram a Pinacoteca Benedicto Calixto, o Monumento aos Imigrantes Japoneses, a Gibiteca e o Relógio de Sol. E aos sábados tem a feirinha de artesanato, tradicionalmente montada junto aos jardins. 
 
Negócio à moda antiga 
Há 62 anos instalado em uma portinha ao lado do Lanches Praia, o Chaveiro Boqueirão não ficou imune às inovações tecnológicas. Com a chegada das chaves codificadas e outros meios de acesso a casas e automóveis, o comércio viu o movimento cair. “Entrou muito eletrônico e é preciso investir pelo menos R$ 40 mil para adquirir o equipamento para fazer o serviço. Com o movimento em queda, como isso é possível?”, comenta o chaveiro Fábio Fernandes. Hoje, a maior procura é por prestação de serviço externo, no caso de perda de chave de casa ou de auto. Ainda assim o comércio resiste, abrindo de segunda a sexta, das 8 às 18h, sábado das 8 às 14h e domingo das 9 às 12h. Afinal, estamos falando do Boqueirão, um dos bairros mais residenciais da cidade.
 
Comerciantes e clientes, uma grande família
Um bazar de quase um século – Um dos estabelecimentos comerciais mais antigos em atividade no Boqueirão, o Bazar  5 de Outubro completou 98 anos mantendo uma clientela fiel (alguns já na 4ª geração) e ganhando novos fregueses a cada dia. Afinal, lá é possível encontrar quase de tudo – móveis, peças de decoração, presentes, eletrodomésticos, utilidades do lar, materiais hidráulico e elétrico, peças tradicionais como filtros de barro … Instalado na Avenida Epitácio Pessoa, 31, o negócio familiar começou como armazém de secos e molhados em um tempo em que as ruas transversais eram todas de terra, o bonde era o meio de transporte e a vida corria em clima de calmaria. O nome refere-se à data da Proclamação da República em Portugal, país de origem de sua fundadora.
 
Livros baratinhos para todos os gostos 
Na banca improvisada por Luiz Antonio de Carvalho no calçadão da Conselheiro Nébias, é possível comprar livros a partir de R$ 7. Luiz está naquele ponto há 27 anos e aos domingos divide o espaço com negociantes de moedas e selos antigos. Entre clássicos da literatura a livros de autoajuda (que são os que mais vendem), infanto-juvenil, espíritas e até culinária, são cerca de 300 itens expostos diariamente, das 9 às 17h30. Em sua casa, no Guarujá, Luiz tem mais 25 mil livros. “Aqui todo mundo se conhece. Quem compra é porque gosta de ler e tem a oportunidade de comprar bem barato”, diz, vendendo seu peixe.
 
Além de jornais e revistas 
Osvaldo Fernando de Abreu já chegou a ficar 13 anos trabalhando direto, acordando às 5h da madrugada, sem tirar um dia de folga. Foi por ordem médica que passou a fechar sua banca aos domingos. A Banca Boqueirão é a mais antiga – e provavelmente a de maior movimento – do bairro. Osvaldo comprou o equipamento em 1979, mas acredita que ele tenha mais de 60 anos. Com a chegada da internet, o jornaleiro se viu obrigado a diversificar a mercadoria. Da exclusividade em jornais e revistas, passou a vender brinquedos, som, guarda-chuva, baralhos, artigos de praia, relógios, bonés, bolas, adesivoa de geladeira … “Foi a forma de sobreviver. Caiu muito a venda de jornais e revistas. Só os mais tradicionais continuam comprando”, lamenta.
 
Calçadão da gastronomia e boemia 
O ano de fundação do Bar e Restaurante Presidente está em destaque, na fachada do estabelecimento, para não deixar dúvida: desde 1958. Ao lado, outro comércio do ramo, o Surf Dog, não faz por menos: desde 1969. Na esquina, o Lanches Praia mantém a tradição de décadas com a mesma clientela batendo ponto toda semana (alguns todos os dias).  Eles dividem o mesmo calçadão, na primeira quadra da Avenida Conselheiro Nébias, com outros tipos de comércio, como ótica, empório, sorveteria, casa de fotos, casa de massas, farmácia, minimercado etc, o que torna aquele trecho do Boqueirão, próximo à praia, pra lá de especial. “A gente só fecha no Natal, Ano Novo e Sexta-Feira Santa”, conta Bruno Fernandes de Abreu Barros, do Bar Presidente.