Roteiros Nacionais

Belém, grande em tudo

09/03/2014
Terra do açaí, do tacacá, da castanha, do carimbó, do pato no tucupi, da cerâmica marajoara, o Pará é a porta de entrada para a região amazônica, que atrai “gringos” de toda parte do mundo interessados em conhecer a diversidade dos ecossistemas locais, mas ainda não é muito visitado pelos turistas brasileiros, mais acostumados a procurar destinos no Nordeste. Com território de mais de um milhão de km², é o segundo maior estado do país (perde apenas para o vizinho, Amazonas, também na região Norte).

É no Pará que o rio Amazonas deságua no Oceano Atlântico e a natureza privilegiada dotou o estado de praias oceânicas e de água doce, áreas de floresta virgem, serras, lagos e a maior parte dos rios amazônicos. A colonização portuguesa começou em 1616 com a construção do Forte do Presépio na Baía de Guajará, dando origem posteriormente à capital, Belém. 

Belém, grande em tudo

A proximidade com a maior floresta do mundo torna tudo superlativo em Belém, uma das cinco maiores regiões metropolitanas brasileiras, com 1,4 milhão de habitantes (a população do estado gira em torno de 7 milhões de pessoas).  Ostentando a exuberância própria da região amazônica, a cidade é rica em natureza, patrimônio cultural, cheiros e sabores que aguçam olhos e paladar em passeios por ruas com famosos túneis verdes que fazem Belém ser conhecida como a Cidade das Mangueiras.
Belém dispõe de completa infraestrutura urbana e de um significativo conjunto de espaços culturais e de entretenimento, com ênfase no patrimônio histórico.  O Mangal das Garças, o parque zoobotânico Museu Emilio Goeldi e o Jardim Botânico Bosque Rodrigues Alves são algumas das atrações. A cidade é também porta para o turismo de negócios.

Gastronomia exótica

Com uma cultura de forte herança indígena, mesclada por levas de migrantes europeus, africanos e asiáticos, a gastronomia paraense é considerada uma das mais genuínas e ricas do Brasil. Alguns dos pratos mais apreciados são o pato no tucupi, maniçoba, tacacá, caruru e vatapá. Entre outras delícias, há o açaí, saboreado pelos paraenses de forma peculiar, acompanhado com farinha de tapioca ou um bom peixe frito. Além da culinária, a natureza amazônica fornece a matéria-prima para instrumentos musicais, peças de decoração e manifestações folclóricas.


A era de ouro da borracha
Situada na linha do Equador, Belém é quente e bastante úmida por conta das chuvas que caem quase todos os dias. Por sua posição geográfica, é a principal via de entrada para a floresta amazônica e também saída brasileira para o corredor de integração com as Guianas e o Caribe.
A época mais importante em termos econômicos para Belém foi o ciclo da borracha, no final do século 19 e início do 20. Com o dinheiro que vinha da matéria-prima, a capital do Pará passou a importar costumes, mão-de-obra e investimentos estrangeiros. Famílias de franceses, portugueses e japoneses vieram residir na cidade, trazendo um pouco dos costumes da Belle Époque: a cidade passou a ser conhecida como Paris n’América. Datam dessa época diversas construções famosas, como o Theatro da Paz (1878), o Palácio Antônio Lemos e o Mercado Ver-o-Peso.

CARTÕES POSTAIS


 

Estação das Docas – Aberto à população em 2000, foi criada junto com o processo de revitalização do antigo porto de Belém. Logo se tornou um dos principais cartões postais da capital paraense, unindo atividades culturais, gastronomia e boêmia. Lembra Puerto Madero, em Buenos Aires. Guindastes antigos dão o clima charmoso no fim de tarde, quando os turistas e moradores de Belém ocupam seus bares e restaurantes à beira da baía do Guajará. Lojas, feiras de artesanato, cineteatro, livrarias e um terminal fluvial para passeios às ilhas no entorno da cidade também são atrações na Estação das Docas. 
 
Theatro da Paz – Inaugurado em fevereiro de 1878, foi erguido em estilo neoclássico no período áureo do ciclo da borracha. Foi se embelezando com o decorrer do tempo, principalmente pelas pinturas com motivos gregos clássicos, sempre com elementos da cultura amazônica presentes. A mobília é toda original e importada da Europa, principalmente da França. A sala de espetáculos comporta 900 lugares. 

Círio de Nazaré – É em Belém que no segundo domingo de outubro acontece a maior procissão religiosa católica do país, o Círio de Nazaré. A maioria das pessoas vai ao cortejo para pagar ou fazer alguma promessa. A corda na procissão surgiu por conta da necessidade de puxar o carro que carrega a imagem da santa da Catedral da Sé até a Basílica de Nazaré.

Mercado de Ver-o-Peso – Não dá para ir a Belém sem conhecer um dos mercados públicos mais antigos do Brasil, inaugurado em 1901 e hoje ponto turístico e cultural da cidade. Reserve pelo menos uma manhã para caminhar na feira, considerada a maior ao ar livre da América Latina, observar o rico artesanato, saborear frutas típicas da região, como o cupuaçu, castanha-do-pará, bacuri, pupunha, tucumã, murici e piquiá, entre tantas. Situado às margens da Baía do Guajará, o mercado Ver-o-Peso abastece a cidade com variados tipos de gêneros alimentícios e ervas medicinais do interior paraense, fornecidos principalmente por via fluvial. 
Praias de mar e rios – Na costa atlântica do estado, em especial Salinópolis, o destaque é para as praias de oceano, com mais de 20 km de extensão. Já no oeste do Pará, o turista encontra o Tapajós, onde está Santarém, conhecida como a “Pérola do Tapajós”. Ali, em praias fluviais, é possível apreciar o encontro entre as águas barrentas do rio Amazonas com as águas esverdeadas do Tapajós, que correm juntos por quilômetros sem se misturar. A praia mais famosa é Alter do Chão, conhecida como “Caribe Amazônico”.

Marajó, a ilha dos búfalos – Para quem procura turismo ecológico o rumo é a Ilha do Marajó. Localizada na foz do Amazonas, a três horas de barco de Belém, é a maior ilha fluviomarinha do mundo e seus atrativos vão da culinária aos cenários de pantanal, com riqueza de flora e fauna, praias desertas de água salobra, igarapés e o maior rebanho de búfalos no Brasil, estimado em 700 mil cabeças, cerca de três vezes a população da ilha.

A dificuldade de se trafegar por estradas numa região repleta de igarapés e rios faz com que poucos municípios de Marajó consigam se integrar por estradas. Soure (22 mil habitantes) e Salvaterra (17 mil habitantes), separadas pelo rio Paracauari, são as localidades que se beneficiam por estarem próximas de Belém.