
São verdades que você quer, tem certeza disso? Bora lá, então. Quando criança, não sei se vocês perceberam que eu tentava me “deformar fisicamente”. Talvez fosse uma forma de punição pela minha própria condição física, porque na infância não consegui ver um lugar onde pudesse desenvolver uma vida normal, sendo eu um homem com deficiência. Tanto isso acontecia que, quando me imaginava exercendo uma profissão, originalmente era rádio onde queria trabalhar, mesmo achando minha voz um pouco infantil quando gravada.
Dessa forma, seria mais fácil lidar com a reação das pessoas e, consequentemente, com o preconceito, pois sei que, às vezes, ela vai embora quando fico mais nervoso. Não sei se poderia ser considerado um tipo de preconceito contra mim mesmo, mas era assim.
Criei um canal no YouTube, pouco usado, com poucos vídeos. No fim, percebi que tenho um pouco de vergonha de falar em público. Quando tinha que apresentar trabalho escolar em grupo, era bem tenso. Minha ideia original de um projeto de vida sempre foi ser jornalista ou radialista para trabalhar justamente com o assunto da acessibilidade e a questão dos direitos da pessoa com deficiência, que é minha bandeira natural.
Tive uma conversa com um velho amigo, e o questionei: “Você acha que a questão dos direitos da pessoa com deficiência tem pauta na mídia, seja rádio, jornal ou TV? Eis a resposta: “Boa tarde, Bruno. É um assunto de interesse público, assim sendo deve merecer atenção de todas as modalidades de comunicação.”
Minha réplica: “Sim, mas para muita gente é um assunto chato pra caramba. Eu abordo isso no meu blog que tem apenas nove inscritos. Exatamente por isso que eu gostaria de trabalhar com essa questão no rádio e na TV, talvez no jornal e sei lá mais onde! KKKKK mas, é preciso, sim, ser feito por quem conhece do assunto. Só que, desde que me tornei militante político, aprendi a desconfiar de tudo o que se ouve nas rádios e o que se lê nos jornais e revistas ou assiste na TV. Tudo que se noticia hoje em dia atende a algum interesse oculto. Não falo aqui de quem coloca a cara para bater, escrevendo ou noticiando tanto no rádio ou na TV.
Vou contar uma pequena história da minha infância, sobre o impacto que teve na vida de um pequeno garoto com deficiência, que nunca esqueceu essa história. Ele por muito tempo cortou o cabelo com meu pai, seu Jorge Afonso, e foi ele que me fez me apaixonar por rádio aos 12 anos de idade. Fui visitar a rádio Cultura de Santos, antiga e o Santos tinha o leão como técnico.
Entrei no estúdio, me encantei com tudo, os equipamentos, as coisas. Ele mandou o locutor do horário me fazer uma pergunta. Ele só falou que eu gostava de futebol, aí o cara perguntou quais eram as expectativas que eu tinha sobre o 1998. Naquela época, tinha um elenco mais ou menos, para não dizer fraco, mas tinha o Emerson Leão como técnico.
Falei: “Não cai, não, tá bom.” Luxemburgo tinha acabado de ser campeão do Rio São Paulo no ano anterior, em 97, ganha do Flamengo no Maracanã com Vanderlei Luxemburgo como técnico. Aquele momento nunca mais saiu da minha cabeça e foi uma atitude simples, mas que foi marcante, porque nunca mais saiu da minha cabeça. Talvez tenha sido ele o responsável por eu ter me apaixonado pela comunicação e pelo rádio.
Me lembro que, um pouco antes dele conseguir a VTV, hoje afiliada do SBT em Santos e Campinas, ele estava cortando o cabelo com meu pai, e do nada eu virei para ele e falei: “Você vai ter uma emissora de TV”. Meio que profetizei, sei lá.
Inclusive, ele começou a VTV como afiliada da Rede TV, chegando a ter sinal até Goiânia e região. Hoje, a VTV é afiliada do SBT e cobre a região de Santos e Campinas. Não dá para chamar “seu Gil”, porque ele me conhecia desde criança. Falo, sim, dos bastidores de quem tem que lidar, provavelmente, com o personagem da notícia. Isso me faz sim pensar em outras opções de profissão, o que me faz perder um pouco do interesse pela profissão de jornalista, mas ainda me encanta o Jornalismo.
Um pouco antes da eleição de 2020, não me lembro a data exata, eu fui visitar a VTV para conhecer e conversar com Gil. Ele sabia que eu gostava de política desde criança e me deu um conselho: “Procure um partido de pequeno ou médio porte para ser candidato a vereador. Os partidos grandes já têm sua estrutura definida, já têm os nomes escolhidos. Para você poder ser candidato, você precisa estar em um partido de pequeno porte”. Eu segui o conselho dele, e procurei o Partido Renovador Trabalhista Brasileiro <PRTB>. Graças a Deus, para minha surpresa, se eu consegui 53 votos naquela eleição, o que por ser a primeira campanha eleitoral eu considerei o resultado extraordinário, foi a última vez que eu encontrei com Gil Mansur.
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