A divulgação de uma nota oficial da Câmara de Santos, em protesto a uma frase atribuída à secretária Raquel Gallinati (Segurança Pública), na semana passada, gerou estranheza em um primeiro momento. Afinal, a base de apoio do governo municipal é grande e consistente, mas, neste episódio, cerrou fileiras com os vereadores da oposição.

A nota de repúdio foi divulgada na quinta-feira (17), véspera de feriadão prolongado e ponto facultativo. No dia anterior, os vereadores governistas confirmaram os rumores de que o prefeito Rogério Santos (Republicanos) iria relançar o Viva o Bairro, um programa criado na gestão de Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), com o objetivo de estreitar a relação da Prefeitura com os moradores.

Esvaziamento?

Os vereadores, principalmente os da base de apoio ao governo, avaliam que o programa “esvazia” o trabalho deles: em vez de fazer uma reclamação ou solicitação ao parlamentar municipal, o morador, por meio do Viva o Bairro, busca resolver seu problema diretamente com a administração municipal.

A insatisfação, que era velada, se revelou durante a sessão da Câmara de terça-feira (22). Um dos mais assertivos foi o presidente da Câmara, Adílson Júnior (PP). “O novo Viva o Bairro vai ter uma varinha mágica e vai resolver todos os problemas”, ironizou. “Mais uma ação brilhante, de alguém que entende muito de gestão pública, que pensou nisso com muita categoria”, disse Adilson, que parece não ter se referido ao prefeito, e sim a um integrante do governo.

Segundo ele, o programa deve vir acompanhado por ações práticas. “Se a gente fizer o Viva o Bairro e as ações não irem na mesma velocidade, vai frustrar o povo”, disse.

O presidente da Câmara continuou no tom irônico. “Quero dar uma sugestão, que o primeiro Viva Bairro seja aqui, na Câmara. Cada vereador faz em média 20 requerimentos. Então, para economizar, para poupar tempo, a gente faz uma fila e leva nossos requerimentos ao quiosque do Viva o Bairro”, disse.

Prioridade aos vereadores

Procurada pelo Jornal da Orla, a Prefeitura não acredita que o programa de alguma maneira vá “esvaziar” a atuação dos vereadores. “Pelo contrário. A Secretaria das Prefeituras Regionais (Sepref) informa que os requerimentos e as indicações dos vereadores são incluídos com prioridade na programação de serviços do Viva o Bairro”, diz nota enviada à Redação.