Executivos do setor de contêineres criticam as exigências do Governo Federal no processo de concessão do terminal Tecon 10, no Porto de Santos. A nova instalação é estratégica para o crescimento do complexo marítimo, ampliando sua capacidade de movimentação de contêineres em 50%. As avaliações foram destacadas durante o Santos Export 2025, um dos principais fóruns de debates sobre o cais santista no País, realizado nas últimas terça e quarta-feira pelo Grupo Brasil Export na Cidade.

Um dos principais temas do evento – que reuniu lideranças empresariais, autoridades e especialistas – foi a questão envolvendo o Tecon Santos 10. O novo terminal de contêineres será leiloado, ainda este ano, mas os especialistas questionaram a proposta, principalmente a modelagem e as melhorias necessárias para garantir que o terminal funcione com sua capacidade máxima, que será de 3,5 milhões TEU por ano.

ACESSOS

O diretor de Operações Portuárias da Santos Brasil, Bruno Stupello, destacou que as melhorias nos acessos rodoviários ainda não foram tratadas no edital do projeto. “O Tecon 10 é um projeto de longo prazo. O atual Tecon, com capacidade de 2,6 milhões de TEU, já atende a 4 mil caminhões. Estamos falando de um terminal com capacidade adicional de 1 milhão de TEU e, consequentemente, um aumento proporcional no número de caminhões”.

Os estudos para o arrendamento do projeto foram realizados pela Infra S.A. O Tecon Santos 10 encontra-se em fase de audiências públicas; portanto, as concorrências para realização da obra do megaterminal ainda não foi definida, com os estudos ainda sendo realizados. Para Bruno Picinin Fernandes, da diretoria de Mercado e Inovações da Infra S.A., neste momento, o ideal é que “a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) responda as questões pertinentes, até por ser a responsável pelo leilão”. 

MAIOR CELERIDADE

Gerente sênior de Relações Institucionais da DP World, Luciana Guerise, afirmou que o atual projeto não contempla novas ligações rodoviárias da capital até o complexo santista. Essas melhorias estão atualmente previstas na terceira pista da Rodovia dos Imigrantes, projetada apenas para 2030. “A gente precisa acionar esses projetos para que eles sejam mais céleres. E, para isso acontecer, dependemos de adequação ambiental e vontade política. A vontade política já está evidente para a concepção do projeto, precisamos aprimorar”, pontuou.

A crítica aos acessos também foi feita pelo head de Public Affairs do Grupo Maersk para a América Latina, Danilo Veras.

 Já o diretor de Investimentos em Terminais da TiL (Terminal Investment Limited, do Grupo MSC), Patrício Júnior, declarou que o leilão do Tecon Santos 10 deve atrair muitos interessados entre as empresas que operam contêineres, pois uma concorrência ampla agrega valor ao processo.

“Quanto mais pessoas fizerem bids (ofertas), melhor será o preço, e mais o governo ganha. Tem muita competição entre todos, e só existe discussão porque há muita competição. O Brasil Export é o melhor local para produzir espaços para discussões como essa”, destacou. 

Patrício Júnior ainda criticou as exigências do Governo para o arrendamento, critérios que acabam encarecendo o empreendimento portuário.

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