
Resiliência é uma daquelas palavras que viraram moda no mundo da Gestão de Pessoas. Ficam bonitas de serem ditas e atribuem certa autoridade intelectual a quem as diz.
São muitas essas expressões, mas essa em particular, vem sobrevivendo ao tempo. Talvez porque possua um real significado, na medida em que expressa uma condição à qual todos estamos sujeitos, no mundo cheio de pressões, mudanças e contradições em que vivemos.
Em seu conceito original, na Física, é definida como a propriedade que alguns corpos possuem, de retornar à sua forma original após terem sido submetidos a uma deformação elástica.
O mundo corporativo a tomou emprestada para denominar a característica que alguns profissionais possuem de recobrar-se facilmente, ou de adaptar-se às mudanças, após sofrerem reveses, tão comuns no ambiente de trabalho.
Vem do latim resilire (voltar atrás). É isso que me incomoda nessa transferência simplória que fizeram, da Física, para o mundo das pessoas como você e eu: o termo, voltar.
Após passarmos pelas constantes mudanças dos dias atuais -e para continuar profissionalmente vivo – eu pergunto se realmente voltamos ao que éramos. Nunca! E o aprendizado, que deveria ocorrer em cada uma dessas oportunidades, onde fica?
Na minha visão, é ele que nos permite sairmos de uma situação difícil, melhores de que entramos.
A postura de aprender com os erros e melhorar continuamente é fundamental, para profissionais e empresas de qualquer segmento da economia, especialmente nos Setores em que atuamos: Portos, Transporte, Logística e Infraestrutura, onde estamos sujeitos a tantos e tantos imprevistos vindos de condições as quais não controlamos, como as climáticas, eventos geopolíticos, falhas humanas (operacionais e de gestão), cibersegurança, greves. Não é fácil manter funcionando, sem falhas, um setor por onde passa a maior parte de nosso comércio internacional. Aqui a regra é enfrentar e superar. Rápido.
Muito bem, mas como tornar-se resiliente? Antes de mais nada, é preciso desfazer um mito, de que é preciso ter nascido para isso.
Acredite, todas as competências relacionadas ao desenvolvimento da resiliência são treináveis, se houver disposição e coragem. Persistência, empatia, flexibilidade criatividade não são “dons” atribuídos no nascimento a cada um de nós. Lidar com as emoções, aumentar a autoconfiança, são características possíveis de serem aprendidas, em especial se observarmos os acertos e principalmente nossos erros, do passado. Todos nós enfrentamos problemas e pressões. Diariamente. Apendamos com ele, e só, sem ficarmos escravos de um tempo passado que não podemos mudar.
Na prática, é um processo que envolve lidar com altas doses de stress, controláveis, se adquirirmos pelo menos três coisas: hábitos saudáveis (não só a atividade física, mas também atividades não relacionadas ao trabalho, como os hobbies), relacionamentos positivos e planos com metas realizáveis.
Não posso deixar de dizer que tornar-se resiliente, na forma que estamos descrevendo aqui, exige também uma forte dose de humildade frente a grandeza dos problemas que precisam ser enfrentados. Alguns serão realmente maiores do que a nossa capacidade de agir sozinhos.
Então busquemos ajuda. Sempre haverá alguém disposto a trabalhar conosco. Humildade e ação. Levantar-se da cadeira para fazer o que precisa ser feito, caso contrário, nada acontece. Aprender a ser resiliente inclui arregaçar as mangas e trabalhar.
Comecei com uma frase que pode ser de Churchill, esse resiliente, e termino com outra que certamente é: “Se você estiver atravessando o inferno … não pare”.
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