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BPC em 2025: mudanças, desafios e a necessidade de uma revolução na assistência

09/03/2025 Bruno Oliveira
BPC em 2025: mudanças, desafios e a necessidade de uma revolução na assistência | Jornal da Orla

O Benefício de Prestação Continuada (BPC), destinado a idosos com 65 anos ou mais e pessoas com deficiência de qualquer idade em situação de extrema pobreza, passou por mudanças significativas em 2025. Essas alterações impactam diretamente a vida de milhões de brasileiros que dependem do benefício.

A principal mudança é o reajuste do valor do BPC para o novo salário mínimo de R$ 1.518, garantindo maior poder aquisitivo aos beneficiários. Além disso, o cadastro biométrico se tornou obrigatório para todos, com o prazo final para registro em 1º de setembro de 2024. Outro ponto crucial é a intensificação da fiscalização, com revisões cadastrais obrigatórias a cada dois anos e um pente-fino em benefícios já concedidos. Essa medida visa garantir a elegibilidade e evitar fraudes.

Um complemento financeiro de até R$ 1.772 foi anunciado para beneficiários em situações de maior vulnerabilidade, elevando o valor total do benefício para até R$ 3.274, pago via PIX. Esse complemento busca garantir maior agilidade e segurança. A possibilidade de incluir despesas médicas e assistenciais no cálculo da renda familiar ainda está em discussão.

Para solicitar o BPC em 2025, é preciso se cadastrar ou atualizar o CadÚnico, reunir os documentos necessários (RG, CPF, comprovantes de renda familiar, laudos médicos e comprovantes de residência), realizar o cadastro biométrico e solicitar o benefício pelo Meu INSS. Se o seu pedido for negado, é importante verificar o motivo da negativa no portal Meu INSS e corrigi-la, se necessário. Caso a negativa persista, você pode entrar com recurso administrativo ou buscar apoio jurídico.

Além do BPC, os beneficiários têm acesso a outras vantagens, como isenção de tarifas em transportes públicos, descontos em medicamentos, programas de habitação social e auxílios regionais específicos.

As mudanças no BPC em 2025 exigem atenção e conhecimento por parte dos beneficiários. É fundamental estar por dentro das novas regras e prazos para garantir o acesso a esse benefício essencial.

É importante garantir acesso a serviços de saúde, educação, trabalho, cultura e lazer adaptados às necessidades de pessoas com deficiência de mobilidade. A reformulação do BPC, com foco no cuidado integral e suporte familiar, representa um avanço importante para a inclusão social e a garantia dos direitos dessa parcela da população.

No entanto, a lógica do BPC precisa ser revolucionada para atender com mais efetividade as necessidades de pessoas com deficiência em condição de cama, que necessitam de cuidados diários de caráter emocional e físico, e suas famílias.

A realidade de quem precisa de cuidados intensivos, muitas vezes em casa, é complexa e exige uma resposta mais abrangente do que o atual modelo do BPC. O benefício, em sua forma atual,  não  contempla a necessidade de suporte constante,  ainda que seja crucial para garantir a dignidade e a qualidade de vida do indivíduo e de sua família.  Entendo que a existência do BPC é fundamental, mas a forma como ele é aplicado para pessoas com deficiência em condições de cama, que necessitam de cuidados diários de caráter emocional e físico, precisa ser reavaliada.  A prioridade deve ser a garantia de acesso a serviços de apoio, cuidados individualizados e suporte familiar.  Psicologicamente, a aceitação da nossa própria condição física natural é uma luta diária, e a necessidade de inverter a lógica do benefício de prestação continuada BPC para as pessoas com deficiência em condição física, que precisam de assistência contínua e especializada, é urgente.

Imagine a rotina de uma família que cuida de um membro com deficiência em condição de cama. A responsabilidade por cuidados diários, como higiene, alimentação, fisioterapia e acompanhamento médico, recai sobre os ombros de seus familiares, que muitas vezes precisam abrir mão de seus próprios sonhos e projetos para garantir a qualidade de vida do ente querido. O BPC, em sua forma atual, muitas vezes não consegue cobrir as despesas com medicamentos, fraldas, materiais de higiene e equipamentos específicos para a condição,  acarretando um grande desgaste financeiro e emocional para a família.

A falta de apoio, suporte e recursos adequados para lidar com as necessidades específicas de cada caso contribui para a exclusão social, a  solidão e a sensação de impotência de quem precisa de cuidados intensivos e suas famílias.  A falta de acessibilidade, tanto no ambiente físico quanto no social,  reforça a sensação de isolamento e impede que as pessoas com deficiência em condição de cama e seus familiares participem ativamente da sociedade.

É hora de romper com essa realidade e criar um sistema de apoio que reconheça a complexidade da vida de quem precisa de cuidados intensivos e de suas famílias.

O BPC precisa se transformar em uma ferramenta de inclusão social,  oferecendo recursos e suporte para garantir a dignidade, a qualidade de vida e a participação ativa de todas as pessoas com deficiência, independentemente de suas necessidades.

A reavaliação do BPC para atender as necessidades específicas de pessoas com deficiência em condição de cama, com enfoque no apoio familiar e cuidados individualizados,  representa um passo crucial para garantir a inclusão social e o bem-estar de uma parcela da população que precisa de atenção e suporte específicos.  É hora de transformar o BPC em uma ferramenta verdadeiramente eficaz para promover a inclusão social e garantir a dignidade de todos os cidadãos.

A partir do momento em que a assistência social se torna um instrumento para a inclusão e não apenas para a mera sobrevivência, é possível construir uma sociedade mais justa e igualitária, onde todas as pessoas, independentemente de suas condições físicas ou de suas necessidades,  tenham a oportunidade de realizar seus sonhos e exercer seus direitos com dignidade e respeito.

É preciso que a  sociedade como um todo se mobilize para defender os direitos das pessoas com deficiência e seus familiares,  exigindo ações concretas do governo e de todos os setores para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.  A luta por uma sociedade mais justa e igualitária para todos é um compromisso que precisa ser assumido por todos nós.

Mas a mudança não se limita apenas ao BPC. É preciso olhar para o sistema de saúde, educação, trabalho e transporte,  e  adaptá-lo para atender as necessidades específicas de pessoas com deficiência em condição de cama e suas famílias.  É preciso investir em profissionais de saúde qualificados para oferecer cuidados individualizados e especializados,  em equipamentos e tecnologias que possibilitem maior autonomia e participação social,  e em políticas públicas que garantam a acessibilidade, a inclusão e o respeito à diversidade.

É preciso ir além do assistencialismo e construir um sistema de apoio que promova a inclusão social,  a participação ativa e o desenvolvimento integral de todas as pessoas com deficiência.  A conquista de uma sociedade justa e inclusiva é um processo contínuo que exige a participação ativa de todos os cidadãos,  governos,  empresas e organizações da sociedade civil.

Fico pensando aqui com os meus botões, na seguinte situação: existe alguma política pública para as pessoas com deficiência, natural que tem que conviver com a ausência definitiva, ou seja, a morte daquelas pessoas que cuidam delas no dia a dia? Sejam eles pais ou responsáveis, quando prefiro a pais, quero dizer sobre mãe ou pai, não necessariamente na condição de casais. Eu não sei se existe uma política pública específica para essa situação.

A vida de uma pessoa com deficiência, em muitos casos, é tecida por um fio tênue de dependência, onde a presença de um cuidador se torna um pilar fundamental para a sua autonomia e bem-estar. A perda desse cuidador, seja por morte ou por outros motivos, representa um golpe brutal, desestabilizando a rotina e lançando a pessoa com deficiência em um mar de incertezas.

É nesse momento de fragilidade que a sociedade e o Estado deveriam se apresentar como um escudo protetor, garantindo a continuidade dos cuidados e a proteção dos direitos da pessoa com deficiência. No entanto, a realidade atual demonstra que essa rede de apoio é frágil e incompleta, deixando um vazio imenso para aqueles que se veem privados de seus cuidadores.

O Benefício de Prestação Continuada (BPC), embora fundamental para garantir a renda e a dignidade das pessoas com deficiência, não contempla as necessidades específicas de quem perde seu cuidador. O BPC, em sua lógica atual, foca na pessoa com deficiência individualmente, sem considerar as complexas demandas que surgem quando a estrutura de apoio familiar se rompe.

A criação de políticas públicas específicas para essa situação é crucial. É preciso pensar em soluções que garantam a assistência integral, como a criação de um sistema de acolhimento e orientação para a pessoa com deficiência que perdeu seu cuidador, fornecendo informações sobre os seus direitos e as opções de apoio disponíveis,  a implementação de uma rede de cuidados que ofereça suporte prático, como auxílio com atividades domésticas, acompanhamento médico e psicológico, e acesso a serviços de reabilitação, levando em consideração as necessidades específicas de cada pessoa,  a oferta de programas de formação para novos cuidadores, capacitando-os para atender às demandas complexas de pessoas com deficiência, especialmente em situações de fragilidade, e  a criação de um sistema de apoio financeiro que permita a contratação de um novo cuidador, garantindo a continuidade dos cuidados e a manutenção da qualidade de vida da pessoa com deficiência.

A perda de um cuidador é uma experiência devastadora para qualquer pessoa, mas para a pessoa com deficiência, essa perda se torna ainda mais complexa, pois envolve a perda de um elo fundamental para sua autonomia e dignidade. É preciso que o Estado e a sociedade se mobilizem para construir uma rede de apoio que acolha, proteja e garanta o acesso aos direitos e aos cuidados necessários para que a pessoa com deficiência possa trilhar seu caminho com segurança e dignidade.

Aposentadoria para PCD:

Compondo cerca de 9% da população brasileira, segundo levantamento do IBGE, as pessoas com deficiência (PCD) ainda enfrentam dificuldades e barreiras na sociedade e, principalmente, no mercado de trabalho. O acesso a trabalho e renda é muito menor entre essa população. Ainda de acordo com o IBGE, só 26,6% das pessoas com deficiência têm espaço no mercado de trabalho, sendo que mais da metade trabalha na informalidade.

Esta questão impacta diretamente em outro direito das pessoas com deficiência, que é o direito à aposentadoria. Contudo, trata-se de uma população que conquistou, por meio de avanços na legislação, regras mais benéficas. A partir da criação do Estatuto da Pessoa com Deficiência e da Lei Complementar nº 142, de 2013, foi instituída uma aposentadoria mais afeita às necessidades dessa população.

Aposentadoria PCD não é igual à aposentadoria por invalidez

A aposentadoria para pessoas com deficiência não deve ser confundida com a aposentadoria por invalidez, pois são duas coisas completamente diferentes. A aposentadoria para pessoas com deficiência, seja ela física, mental, sensorial ou intelectual, é para pessoas que ainda têm capacidade para o trabalho. Por outro lado, a aposentadoria por invalidez é concedida a quem está impossibilitado de trabalhar, por motivo de doença ou acidente.

Uma das particularidades da aposentadoria para PCD é que ela é concedida perante uma contribuição menor de tempo de trabalho ou mesmo idade, quando comparada com as aposentadorias comuns. Um dos poucos requisitos para ter direito a ela é a comprovação de uma deficiência de longo prazo, isto é, que exista há mais de dois anos.

Tipos de aposentadoria para pessoas com deficiência?

A aposentadoria para PCD pode ser por tempo de contribuição ou por idade. No caso da aposentadoria por idade, homens precisam ter a idade mínima de 60 anos, enquanto mulheres, a idade mínima de 55 anos. É necessário também comprovar 15 anos de contribuição, isto é, ser um segurado há 15 anos.

Já a aposentadoria por tempo de contribuição varia conforme a gravidade da deficiência. O tempo de contribuição para aposentadoria para quem tem deficiência grave é de 25 anos para os homens e de 20 anos para as mulheres; para moderadas, 29 anos para homens e 24 anos para mulheres; já para as leves são 33 anos de contribuição para homens e 28 anos de contribuição para mulheres.

Como solicitar a aposentadoria?

A comprovação do grau de deficiência se dá sempre por meio de perícia médica e entrevista com um profissional de assistência social. Já o tempo de contribuição pode ser comprovado com holerites, carteira de trabalho (CTPS), contratos, entre outros.

Ter consigo laudos e exames médicos também é muito importante.

Quanto à renda, ela é de 100%, no caso da aposentadoria por tempo de contribuição do deficiente, independentemente do grau, e de 70%, acrescido 1% por ano de contribuição, chegando até 30%, para os casos da aposentadoria por idade. Hoje é possível dar entrada no pedido via aplicativo Meu INSS, pelo site ou telefone. 135