Amir tinha em torno de 13 anos, quando tudo aconteceu. Desde criança, tudo fizera para conquistar o amor de seu pai. Em vão.
Vez que outra, por uma vitória que fazia bem ao orgulho paterno, ele conseguia ser aninhado em seu colo.
E como ele desejava estar lá, naquele colo, mais vezes e sentir o calor daqueles braços.
Mas o pai parecia distante, alheio ao filho. E pior: o garoto percebia como eram malvistas algumas das suas fraquezas.
O pai queria um filho forte. E ele era um menino que tinha náuseas por pouca coisa: quando viajava, quando algo o incomodava.
Adolescente, o que sentia na infância, aumentara. Em todo esse processo, ele tinha um grande rival: o filho do empregado da casa.
Hassan era um servidor fiel. Quase da mesma idade de Amir, ele se levantava cedo para lhe preparar o café, a roupa, tudo que lhe fosse necessário.
Seguia-o aonde fosse, defendia-o dos garotos maus, que o desejavam agredir. Defensor leal, amigo fiel.
E Hassan parecia gozar das graças do pai de Amir. Quando iam passear, o pai sempre o levava com eles.
Amir desejaria estar só com o pai, desfrutá-lo sozinho. Mas Hassan sempre estava lá, forte e corajoso.
Então, Amir decidiu que era hora de acabar com a concorrência.
Pegou seu valioso relógio de pulso e algum dinheiro e colocou debaixo do colchão de Hassan.
Depois, foi dizer ao pai que aqueles pertences haviam sumido do seu próprio quarto. E que suspeitava de Hassan.
A acusação era grave e foi confirmada: tudo foi encontrado debaixo do seu colchão.
Perguntado, Hassan confessou: -Roubei.
Amir entendeu que o amigo o estava salvando de uma situação terrível, pois se seu pai descobrisse a verdade, ele é que estaria em maus lençóis.
Amir se sentiu como um mentiroso, um traidor, um monstro. Contudo, se calou. A afeição de seu pai por ele estava em jogo.
Hassan foi embora e ele nunca mais o viu. O remorso, contudo, jamais o abandonou.
Ele não confiaria a ninguém o seu segredo, entretanto, passaria a sua vida remoendo a culpa.
Culpa da qual não pôde pedir perdão a Hassan, pois nunca mais o encontrou. E, toda vez que em sua vida algo ruim acontecia, a cena lhe vinha à mente.
Acreditava-se sendo castigado, sem ter direito à felicidade.
[com base no livro de Khaled Hosseini e na Red. do Momento Espírita]
O remorso é sentimento destruidor.
Aprenda a pedir desculpas, a admitir seus equívocos, para que não aninhe remorsos na alma.
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