O aniversário tem como referência a inauguração do primeiro trecho do cais, construído pela Companhia Docas de Santos, no Valongo. No dia 2 de fevereiro de 1892, o cargueiro inglês Nasmith se tornava o primeiro navio a atracar nessa obra recém-concluída, novinha.
Mas na verdade o Porto de Santos contabiliza cerca de cinco séculos de atividades. Desde os primeiros anos da história brasileira, no princípio dos anos 1500, a vocação portuária de Santos ficou muito clara. Tanto que em 1546, o rei Dom João III, o Piedoso, estava entusiasmado com duas instituições quando escreveu a carta que elevava Santos à condição de vila. Uma delas era a Santa Casa, primeiro hospital das Américas. A outra, o porto, que transferido por Braz Cubas da Ponta da Praia para o centro histórico, tinha ganhado em segurança e em logística, mais abrigado e mais próximo dos pontos de chegada das cargas a serem embarcadas.
A economia da Baixada Santista tem como principal motor a atividade portuária. Para o país, o Porto também é vital, estratégico. Movimenta quase 30% do comércio internacional brasileiro. É o mais importante do hemisfério Sul do planeta.
No século passado, o Porto de Santos viveu dois episódios decisivos para a sua consolidação. O primeiro, entre os anos de 1907 e 1911, quando o engenheiro sanitarista Saturnino de Brito implantou os primeiros nove canais que formataram o saneamento moderno da cidade. As epidemias, então chamadas de pestes, dizimavam a população e espantavam as tripulações dos navios. O segundo desses episódios, em 1993, quando uma lei nacional privatizou a operação portuária. Não havia recursos públicos para investir nos equipamentos e terminais que modernizavam os portos pelo mundo. Com a privatização da operação, as empresas fizeram esses investimentos. A movimentação de cargas em Santos, que em 1993 se aproximava de 40 milhões de toneladas, 30 anos depois, em 2023, ultrapassa 173 milhões. Esse crescimento só se viabilizou com esses investimentos empresariais.
Neste momento da sua história, o Porto de Santos também se ressente da escassez de recursos públicos. A continuidade desse crescimento vertiginoso depende da ampliação dos acessos, tanto os rodoviários, como os ferroviários e hidroviários. E aí se apresenta uma missão clara para os nossos representantes políticos em todos os níveis: soluções para evitar essa asfixia e esse colapso que se desenham.