Metrópole

Peruíbe, 66 anos. “Nossa vocação é o turismo”

16/02/2025 Glauco Braga
Fernando Yokota

O prefeito de Peruíbe, Felipe Bernardo (PSD), vai completar dois meses à frente da administração da Cidade. Enfrentou, nos primeiros dias de janeiro, inundações provocadas por chuvas intensas, que deixaram moradores desabrigados. Mas o momento agora, segundo o mandatário, é de reconstrução. E os planos são ambiciosos. Fomentar o turismo e atrair mais pessoas para Peruíbe é o que está na mira, principalmente visando a baixa temporada.

 

Qual a avaliação do seu início de trabalho na Prefeitura?

Olha, eu acho que o primeiro mês foi de muitas conquistas importantes para a Cidade. Tivemos dificuldades, principalmente por causa das fortes chuvas que nos atingiram dia 7 de janeiro, dia 8, que resultaram numa situação de emergência grave aqui. Tivemos muito apoio do Governo de São Paulo, Defesa Civil, todos os órgãos do Estado. A Secretaria de Desenvolvimento Social, Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, o Corpo de Bombeiros, a própria Cetesb, na questão da dispensa do licenciamento do desassoreamento do Rio Preto, a SP Águas, além de uma força-tarefa da Polícia Ambiental, que ajudou muito o Município a passar naqueles dias de dificuldades com as pessoas que ficaram desabrigadas. Passada esta situação, voltando à normalidade, tivemos o trabalho de limpeza pública, de recuperação de galerias e, principalmente, de ajuda humanitária, de cesta básica, produtos de limpeza, produtos de higiene, kits dormitórios, com colchão, cobertor, travesseiro, que foram entregues para as pessoas atingidas pelas chuvas. O desassoreamento começou logo na semana seguinte, ao início da situação de emergência, num trecho importante, que é o da ponte do Caraguava até a rodovia, onde a SP Águas está executando a obra. É um serviço que deve demorar próximo de quatro meses, e, em seguida, vão para os outros trechos, da ponte do Caraguava até a ponte do Veneza, depois até a ponte do Costão, ali na Foz. No total, deve ser quase um ano de serviço.

 

Dá para garantir que a obra vai diminuir as chances de alagamento naquela área?

Essa foi uma conquista importante. Era uma obra muito aguardada pela população que mora ali nas áreas próximas ao rio e que, com certeza, não vai sofrer tanto o impacto das chuvas. É claro que não é só isso que interfere nos alagamentos. Tem mudanças climáticas. A quantidade de chuva, em um período curto, que nós tivemos aqui, em 24 horas, foi de 263 milímetros, sendo que o previsto para o mês inteiro era de 235 milímetros. Então, choveu mais em 24 horas do que o previsto para o mês inteiro. Tem também a questão do aumento do nível do mar, que dificulta também o escoamento das águas da chuva para as valas, para os rios e para o mar. Agora, não adianta só desassorear. Se o mar está mais alto, não vai funcionar. Nesse processo todo, conseguimos também duas novas ambulâncias com o Governo Federal.

 

E como é que está a relação da sua administração com o Governo Federal e com o Governo Estadual?

Com relação ao Governo do Estado, é uma relação mais próxima. Ele foi um grande parceiro, ajudou demais o município nessa situação de emergência que nós atravessamos por causa das enchentes. Temos alguns convênios celebrados, algumas obras que estão em execução com recursos vindos de lá. Aliás, o nosso hospital, que teve a obra finalizada, foi construído também com esses recursos. Então, é uma parceria muito boa, muito importante para a nossa cidade. O Governo Federal também nos ajudou. Ele encaminhou 1,6 mil cestas básicas agora, em meados de janeiro, já um pouquinho depois do término do retorno das pessoas que estavam nos nossos abrigos para suas residências. Nós temos alguns projetos que estão em análise lá também, de micro e macrodrenagem, e também temos convênios celebrados de custeio, de obra, quer dizer, de infraestrutura com o Governo Federal.

 

Então, o prefeito não distingue quem pode ajudar numa hora de necessidade, não?

Ah, não. Não tem ideologia partidária. Não tem que ter, né? Política tem, não tem a ideologia partidária. Eu acho que a gente tem que saber dialogar com todas as correntes. Eu fui eleito por um partido que é base do Governo Lula e que também é base do Governo Tarcísio. O partido do governador, o Republicanos, também esteve com a gente, elegeu o vereador na nossa base. Assim como o partido do Governo Federal, o PT, na Federação, também esteve com a gente nas eleições. Então, eu deixo de lado essa questão ideológica, essa polarização, para defender os interesses da cidade. Eu dialogo com quem tiver que dialogar, porque a gente depende muito de transferências, principalmente as voluntárias dos governos.

 

O que está sendo planejado para o aniversário da Cidade? O que o senhor está vislumbrando daqui para a frente nesses 66 anos?

Peruíbe vai fazer aniversário no dia 18. Já estamos na reta final definindo a programação. Nós vamos ter alguns eventos no dia 17, na véspera, que é ponto facultativo, e também no dia 18. Dia 17 nós teremos a Sessão Solene na Câmara, com entrega de título de cidadão amigo de Peruíbe. No dia 18, as nossas atividades começam logo cedo, 7h30 da manhã, com o hasteamento da bandeira. No período da tarde, o bolo de aniversário da cidade, ali na região da Rodoviária. Depois, a missa na Igreja Matriz em comemoração ao aniversário e teremos entregas de obras, entregas de títulos de regularização fundiária. Algumas obras a gente ainda não tem a definição, vai depender dos últimos dias. As questões climáticas, se vai conseguir finalizar, mas se não, no dia 18, terminam. Como, por exemplo, a nossa área permanente de eventos, ali ao lado do parque turístico, está em uma fase bem avançada, mas ainda vai levar alguns dias. E se esses dias tiver muita chuva, vai acabar não sendo entregue no dia 18.

 

Qual é a sua ideia para incrementar o turismo em Peruíbe?

É a nossa vocação. A gente depende muito do turismo para movimentar a economia local, para gerar emprego e renda aqui. Tivemos, sem dúvida alguma, muitos avanços. São eventos turísticos que se consolidaram no nosso calendário, como, por exemplo, o Natal na Praia, que é um evento que antecipa a vinda de turistas aqui para a nossa cidade. Cada ano, cada edição aumenta o público. Nós temos as paradas de Natal, os desfiles aqui na cidade. Isso foi uma grande conquista e a ideia é avançar, melhorar, fomentar ainda mais, mas também trazer outros eventos, principalmente na baixa temporada. Esse ano, nós não conseguimos, por inúmeros motivos, fazer o Viva Verão, que são os shows com artistas consagrados nacionalmente. Mas também foi um momento meio de reconstrução. Por causa da situação de emergência, das chuvas, isso gerou uma despesa maior. A gente tem que equilibrar muito, né? Porque, se a gente não faz nada, também prejudica o comerciante, né? Prejuízo para a rede de hoteleira, restaurantes, ambulantes. Então, vamos fazer no aniversário da cidade, mas também a gente não pode fazer aquilo que a gente tinha planejado como foi o ano passado, por exemplo, porque tem outro lado da população que foi atingida, que precisa do mínimo para sobreviver com dignidade. Então, a gente pensa no turismo, na questão dos eventos turísticos e na questão também dos equipamentos turísticos. Nós temos alguns equipamentos que precisam de investimentos, precisam ser reformados, precisam voltar a funcionar. Ruínas Abarebebê, por um exemplo, o Mirante da Torre, o próprio Museu da Estação Ferroviária. Então, eu já fiz reunião com a equipe da cultura e do turismo para que eles toquem as providências visando a médio e longo prazos para reabrir esses equipamentos turísticos na nossa cidade. E também fazer os eventos que nós já temos uma divulgação melhor: festival gastronômico, encontro ufológico, enfim, aqueles que já estão no nosso calendário, mas que podem crescer e alavancar ainda mais o nosso turismo.

 

Como está questão da Lama Negra?

Tivemos a retomada da Lama Negra aqui na Cidade, na exploração dela, a nossa joia natural, um produto terapêutico, utilizado também não só para fins medicinais, como para estética. Ela estava sem autorização de extração há muitos anos. Lá atrás, estava operando sem licença. Enfim, até que nós conquistamos novamente a licença para extração da lama. E aí agora a Prodep, que é uma sociedade de economia mista aqui do município, que tem o direito de extrair a lama, voltou a operar. Inclusive na Feira do Empreendedor realizada aqui recentemente, um dos principais estandes, ou o principal, era da Lama Negra. Para aplicação facial, da máscara facial, e também para venda de produtos, de cosméticos, sabonete, enfim, que já estavam sendo vendidos. Nós estamos, também, reformando o Lamário. É o local onde vai ser feita toda a aplicação da lama, ali na região da praia, no parque turístico, próximo às quadras poliesportivas que têm ali. E o Lamário deve ser entregue. A previsão contratual da obra é em setembro deste ano. Ele está sendo construído com recursos do Dade (Departamento de Apoio e Desenvolvimento das Estâncias), do Governo do Estado, e a gente acredita que, no segundo semestre, ele seja efetivamente entregue e em funcionamento, o local adequado para o tratamento da lama. Mas, antes disso, a lama já vai ser aplicada, já vai ser fornecida para a população no sítio, ali na região central.

 

Um problema de todas as cidades e não deixa de ser aqui também é a questão da saúde pública. Parece que que tem um hospital, que foi encampado pelo governo. O que o prefeito pode falar sobre isso?

A obra finalizou em setembro do ano passado. Há um compromisso do Governo do Estado de colocá-lo em funcionamento. O Hospital de Peruíbe e o Hospital de Bertioga estão mais ou menos na mesma situação: prédio e construção finalizados. Para entrar em funcionamento, tem a questão dos equipamentos do Estado. Eu estive lá com Eleuses Paiva, secretário de Saúde, há duas semanas e ele garantiu os equipamentos serão comprados. Todos serão por conta do Estado. A gente não tem projeção de valores, nem de prazo. Não temos uma data definida, porque ainda tem algumas etapas a serem vencidas. Uma questão é o custeio, que há uma certa divergência ainda. O Estado garantiu o custeio, mas me parece que não de 100% e isso seria um problema para a gente e também para Bertioga. Então, nós ainda vamos apresentar uma contraproposta, para que todo o custeio seja do Estado e também a gestão do hospital, para que seja um hospital igual ao de Itanhaém, igual ao de Registro, que tem não só o custeio de todas as despesas feitas pelo Estado, mas também a administração do hospital, a gestão, o controle da OS (Organização Social), o monitoramento, a contratação, seja tudo por lá. Isso o estado está vendo de outra forma, o caso de Peruíbe, no qual eles só iriam custear, repassar o valor pra gente fazer toda a gestão. E também, agora, ainda precisa definir regionalmente, os nossos técnicos, os técnicos da DRS (Departamento Regional de Saúde), quais serão os serviços que vão ser prestados. Porque alguns serviços aqui da região podem vir pra cá, e, então, envolve todo esse planejamento nos outros hospitais aqui da Baixada Santista. E isso depois ser aprovado na CIR, que é o Comitê Intrasetorial de Gestão da Saúde, o órgão acima da DRS. O hospital funcionando, equaciona, pelo menos em parte, os problemas que você vai ter de saúde aqui. Sim, depende da situação, o hospital de referência. Às vezes a questão cardíaca, por exemplo, pode ir para Registro; questões ortopédicas de trauma. Itanhaém, em outros casos, vai para o Hospital Guilherme Álvaro (Santos).

 

O que o morador ou quem frequenta Peruíbe pode esperar daqui para a frente? Qual seu planejamento para os próximos quatro anos?

Olha, pode esperar uma cidade melhor, com serviços públicos de qualidade em todas as áreas. É isso que a gente cobra da equipe na área social, saúde, educação, assistência, na infraestrutura urbana, em todas as áreas de esporte, cultura, enfim, que os serviços públicos sejam prestados com qualidade. A gente sabe que a demanda é muito grande e o orçamento é limitado. Infelizmente, é impossível atender a toda a demanda, mas pode esperar uma cidade melhor, sem dúvida alguma, nos próximos anos.