Notícias

Padre de São Vicente relembra encontro no Vaticano, em 2017

22/04/2025 Isabela Marangoni
SERVIÇO DE FOTOGRAFIA  DO VATICANO

Com a morte do Papa Francisco, líderes religiosos de todo o mundo têm compartilhado memórias e reflexões sobre o legado do pontífice. Na Baixada Santista, o padre Renan Censi, responsável pela Paróquia São Vicente Mártir — onde Santo André de Soveral foi batizado — recorda com emoção o breve, e marcante, encontro que teve com Francisco durante a canonização do santo brasileiro, em 2017.

“Organizamos uma delegação da paróquia para participar da missa de canonização. Como ele [André de Soveral] foi batizado aqui, na Igreja Matriz, e eu já era o pároco, levei alguns leigos para acompanhar a cerimônia. Também estivemos presentes na catequese do Papa, na audiência no meio daquela semana”, conta o padre.

André de Soveral nasceu em 1572, apenas quatro décadas após a fundação da Vila de São Vicente, e foi batizado na Igreja Matriz local — ainda antes da construção atual. Sacerdote jesuíta e discípulo do padre José de Anchieta, Soveral foi morto em 1645, no Rio Grande do Norte, durante a invasão holandesa, tornando-se mártir da Igreja Católica. Segundo relatos históricos, ele foi assassinado enquanto celebrava uma missa.

A cerimônia de canonização do “herói e mártir de Cunhaú” ocorreu em 15 de outubro de 2017, no Vaticano. Durante a audiência pública com o Papa, padre Renan teve um rápido encontro com Francisco, que cumprimentava autoridades e convidados. “Quando ele parou na minha frente, disse que era o padre da igreja onde o santo havia sido batizado. Ele respondeu: ‘Ah, o padre jovem!’ Pedi então a bênção para o meu sacerdócio. Conversamos por cerca de dois minutos, mas foi extremamente significativo”, relembra.

Essa foi a única vez em que o religioso teve um contato direto com Francisco. Antes disso, ele já havia participado de missas celebradas pelo pontífice, como na canonização de Madre Teresa, em 2016, mas sempre de maneira distante.

Ao refletir sobre a importância do Papa Francisco, padre Renan destaca a coerência entre suas palavras e ações. “Percebemos que ele sempre buscou atualizar a mensagem de Jesus. Assim como Cristo fez gestos que incomodaram muitos, o Papa também foi às margens, levando esperança, amor e misericórdia”, afirma. “Ele era alguém que vivia aquilo que pregava. Demonstrava humildade, simplicidade, atenção aos pobres e aos marginalizados. Buscava a paz, o diálogo entre religiões, e tinha uma preocupação concreta com a sociedade”.

Para o padre, o legado de Francisco vai além dos limites da Igreja Católica. “Hoje, vemos repercussões em todo o mundo. Diversos segmentos enxergavam nele um construtor de pontes, alguém que buscava a unidade e a paz”.