
Elas são multitarefas, conectadas, engajadas e determinadas. Adiaram a maternidade para consolidar a carreira, buscaram estabilidade financeira e aproveitaram mais a juventude. Agora, aos 40 ou perto disso, vivem uma rotina intensa: cuidam dos filhos pequenos, dos pais idosos, da casa, do relacionamento e ainda enfrentam as transformações hormonais da pré-menopausa. As mães modernas representam um novo perfil da mulher brasileira e acumulam desafios únicos.
Segundo dados do IBGE, o número de mulheres que se tornam mães após os 35 anos aumentou mais de 60% nas últimas duas décadas. Os motivos variam: priorização da carreira, busca por um parceiro estável, dificuldades de fertilidade ou simplesmente a escolha consciente de esperar. Mas, com a decisão, vêm implicações físicas, emocionais e sociais que exigem atenção.
A rotina dessas mães inclui jornadas duplas ou triplas. Elas levam os filhos à escola, acompanham as tarefas, participam de reuniões virtuais, respondem e-mails no celular enquanto preparam o jantar, ajudam os pais idosos com consultas médicas e ainda tentam reservar tempo para si mesmas e para o casamento. “É uma geração que vive conectada o tempo todo. A tecnologia facilita, mas também aumenta a cobrança. A mãe moderna está sempre disponível, o que pode gerar sobrecarga mental e emocional”, explica o médico especialista em performance João Faria.
O corpo também sente. Por volta dos 40 anos, muitas mulheres começam a entrar na fase da pré-menopausa, quando os níveis hormonais começam a oscilar. Surgem sintomas como ondas de calor, alterações de humor, insônia, diminuição da libido e maior dificuldade para perder peso. Para quem já está sobrecarregada com as demandas da maternidade e da vida familiar, lidar com essas mudanças pode ser ainda mais desafiador.
“A pré-menopausa pode ser sutil no início, mas impacta muito a qualidade de vida da mulher. É comum que ela se sinta cansada, sem energia, irritada e menos disposta. Muitas dessas mães nem percebem que os sintomas têm relação hormonal e acham que é apenas estresse ou cansaço acumulado”, alerta João Faria.
A boa notícia é que há caminhos para equilibrar essa fase. Segundo o especialista, vitaminas e a reposição hormonal, feita com acompanhamento médico, pode ajudar a reduzir os sintomas e melhorar o bem-estar. “A reposição, quando indicada e monitorada, devolve vitalidade, melhora o sono, o humor, a disposição física e até protege a saúde óssea e cardiovascular. Mas cada caso precisa ser avaliado individualmente, com exames e histórico da paciente”, explica o médico.
Para muitas dessas mulheres, a maternidade tardia também traz benefícios emocionais: mais maturidade, paciência, estabilidade e consciência nas decisões parentais. Mas não elimina as pressões da sociedade, que ainda cobra da mulher a perfeição em todos os papéis. Ser boa mãe, boa profissional, boa esposa, boa filha… tudo ao mesmo tempo.
“É importante que a mulher reconheça seus limites e entenda que não precisa dar conta de tudo sozinha. Delegar tarefas, pedir ajuda, dividir responsabilidades com o parceiro e buscar suporte psicológico quando necessário são atitudes de autocuidado”, reforça o médico.
As mães modernas são exemplo de resiliência e adaptabilidade. Vivem um ritmo intenso, muitas vezes invisível aos olhos alheios. “Ser mãe aos 40 é um desafio, mas também uma oportunidade de viver a maternidade com mais consciência e propósito. Com os cuidados certos, é possível passar por essa fase com saúde, energia e equilíbrio”, conclui João Faria.
Entre tantas demandas, essas mulheres mostram que a maternidade não tem uma única forma de ser vivida e que cada escolha carrega suas belezas e suas batalhas. Elas seguem, fortes e imperfeitas, trilhando o caminho possível entre o amor, o cuidado e o próprio renascimento.
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