Fronteiras da Ciência

O legado

04/11/2022
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Milton Erickson, notável psiquiatra americano, atendeu, certa feita, uma dama de família muito rica, que vivia uma depressão gravíssima.

Ela o recebeu no quarto, com todas aquelas características da depressão: desânimo, desencanto, ambiente mal iluminado e silencioso.

De início, pediu lhe fosse permitido visitar a casa, para que pudesse avaliar como era a vida que ela levava.

Acompanhado de um dos empregados, o psiquiatra andou pelos muitos cômodos da residência e percebeu que tudo era cinza.

Quando passou pela sala de refeições notou que sobre a mesa estavam muitos telegramas e cartas sem abrir. Ficou intrigado.

Foi-lhe dito que eram convites que ela recebia e nem abria. Era convidada para muitos eventos. Sem ânimo, não se interessava.

Depois da cozinha, ele viu um pequeno jardim de inverno. Ali estavam muitos vasos com violetas. Ela as colecionava.

-É a única coisa que ela cuida. Ela somente se levanta, vez ou outra, para aguar ou para fazer uma muda ou transplantar uma violeta daqui para ali. – Disse o servidor.

O médico voltou ao quarto da paciente, despediu-se sem dar explicações.

Dias depois, ele retornou à casa e perguntou:

-Como a senhora está?

-Estou na mesma – foi a resposta bem desanimada.

-Pois eu vou lhe dar um conselho. A senhora é uma pessoa de importância em nossa sociedade. Recebe muitos convites. É uma indelicadeza não abri-los. Tem compromissos sociais.

E continuou -Quando receber um convite, importante que o abra. E tenha a gentileza de mandar um vaso de violetas. A senhora os tem em abundância. É um presente delicado. As pessoas vão ficar gratificadas e não lhe custa nada.

Ela pensou um pouco e concordou que era algo que poderia fazer.

E então, passou a abrir os convites e foi mandando os vasos de violeta. À medida que sucediam os dias, o jardim quase desapareceu.

Ela precisou renovar o cultivo e sair de casa para comprar vasos, adubos, pois a produção de violetas precisava aumentar.

Dessa forma, se levantava para fazer novas mudas e suas atividades em casa aumentaram. E, nesse bendito afã, se libertou da depressão.

Quando ela morreu, cerca de dez anos depois, o jornal publicou:

A dama das violetas deixa um grande legado para todos nós. É possível que na maioria das casas de nossa cidade ela esteja presente através de um dos seus lindos vasos de violetas.

[com base em relado de Divaldo Franco e na Red. do Momento Espírita]

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