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Novas faces de Pagu em lançamento da escritora Lúcia Teixeira

03/11/2023
Novas faces de Pagu em lançamento da escritora Lúcia Teixeira | Jornal da Orla

 O livro “Os Cadernos de Pagu”, com organização e notas da escritora Lúcia Teixeira, biógrafa de Pagu, terá lançamento dia 11 de novembro, das 17 às 20 horas, na Pinacoteca Benedicto Calixto, em Santos. A publicação é das editoras  Nocelli (um selo para publicações especiais da Editora Reformatório) e Unisanta. A quarta capa é assinada pelo escritor Ruy Castro.

Patrícia Galvão, Pagu, é a autora homenageada da Festa Literária Internacional de Paraty e tema de mais um livro de sua biógrafa Lúcia Teixeira. Com cinco cadernos manuscritos inéditos dos anos 1920 a 1960 (ano de morte da homenageada), Lúcia revela aspectos desconhecidos, desde a incursão de Pagu no Modernismo Antropofágico, a produção de texto na fase de adesão político partidária, seus primeiros passos como dramaturga, em inéditas peças teatrais e algumas cartas para Oswald de Andrade e Geraldo Ferraz.

Lúcia ainda enxerga Pagu como a voz que clama, em um mundo ameaçado pela morte e desintegração, como o que vivemos, pela conciliação necessária do papel do pensador, do escritor, entre o trabalho e a cultura. Lúcia também destaca o interesse de Pagu pelo teatro já em suas primeiras produções, inéditas: “Esse amor pelo teatro se inicia nos manuscritos que reproduzimos e até a entrega total ao fazer teatral, como gestora, tradutora, fazendo da transgressão ato criador, até sua morte, nos anos 1960, em textos belíssimos”.

Há vários momentos desconhecidos na obra: “Em 1933, ela lança “Parque Industrial”, primeiro romance social proletário brasileiro, modernista e precursor, assinando Mara Lobo. Pagu analisou de forma crítica sua própria produção, fazendo um balanço da Literatura Moderna do Brasil. No Suplemento Literário do jornal O Diário de São Paulo, em 1946, contestou “a fanática gente da literatura social”. Justifica citando Marx, leitor de Balzac: “Uma obra literária só existe em função de seu valor literário”.

Outra descoberta nos manuscritos foi a defesa das mulheres, exploradas em sua condição de gênero social ou como trabalhadoras. “E, mais do que isso, aparece o papel do racismo na questão da opressão de gênero e manutenção das desigualdades estruturais”, completa Lúcia, que criou em Santos o Centro de Cultura Pagu Unisanta, com mais de três mil documentos.

Lúcia é autora da Trilogia Pagu -Livre na Imaginação, no Espaço e no Tempo; Croquis de Pagu; e VIVA PAGU – Fotobiografia de Patrícia Galvão,  indicado para o prêmio Jabuti 2011. Como biógrafa e profunda conhecedora de sua vida e obra, ficou muito feliz com a escolha da FlIP “Pagu lutava pela arte, pela literatura, por direitos fundamentais, e não teve medo de rever posições. Portanto, nada mais justo do que relembrá-la e universalizar sua produção e importância para a cultura brasileira”.

O escritor Ruy Castro destaca Lúcia Teixeira como uma tutora inestimável do legado de Pagu: “Tudo que nasceu das mãos e do coração de Pagu importa – e é isto que Lúcia nos oferece a cada título. O último, mas não o derradeiro, é este Os Cadernos de Pagu, um apanhado de manuscritos, esboços e rabiscos que nunca tinham saído das gavetas, trazendo à luz ficções, cartas, provocações, reflexões e peças de teatro de cuja existência nem suspeitávamos. O simples fato de terem chegado ao nosso tempo é um milagre. O de estarem agora em nossas mãos é um milagre e meio”.

Marcelo Nocelli, da Editora Reformatório, comenta que a obra nos aproxima de Pagu: “Ter estes manuscritos da Pagu publicados em livro é não só um registro para tornar este material mais acessível e conhecido, mas também um excelente objeto de estudo e pesquisa da vida e obra de Patrícia Galvão. São anotações, rascunhos, ideias para livros e peças de teatro, livros iniciados, e até uma lista de compras pessoal, que nos permite não só uma crítica genética do seu trabalho como escritora, mas também nos possibilita perceber de maneira mais sublime, seu estado de espirito em cada fase, em cada mudança e escolha de caligrafia, em cada acontecimento em sua vida . Se eu acreditasse na ideia de comunicação além-morte-vida, diria que ela deve estar feliz com isso. Posso afirmar que manipular estes originais é uma das minhas maiores realizações como editor, e agradeço a Lúcia Teixeira pela confiança”.

Sobre Lúcia Teixeira

Doutora e mestre em Psicologia da Educação, educadora, psicóloga, pesquisadora e escritora. Recebeu relevantes prêmios no Brasil e no exterior e indicações para o prêmio Jabuti, o mais importante da literatura brasileira. É autora de 11 livros premiados nas áreas de Educação, Literatura, Psicologia e temáticas infanto-juvenis. Suas pesquisas sobre Ensino Superior contribuíram para o Plano Nacional de Educação.

Presidente da Universidade Santa Cecília – Unisanta e do Colégio Santa Cecília, em Santos e Presidente do Semesp, entidade que representa as instituições de ensino superior do país.