
Embora sejam a maioria da população brasileira, as mulheres ainda não ocupam o correspondente espaço no mercado de trabalho, principalmente em cargos de comando. E na administração pública não é diferente. Curiosamente, as prefeituras da Baixada Santista parecem um oásis neste deserto repleto de desigualdades de gênero.
Segundo estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) feito em 2022, apenas 18,6% dos cargos de liderança na gestão pública eram ocupados por mulheres – situação que coloca o Brasil em último lugar no ranking de mulheres em posições de comando, nos países da América Latina e Caribe.
No Governo Federal, apenas 30% dos cobiçados cargos DAS-6, posições de chefia, são ocupados por mulheres.
Nos Estados, a situação é parecida. Pesquisa do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa) mostra que das 527 secretarias estaduais espalhadas pelo país, 29,7% são lideradas por pessoas do sexo feminino.
Mas essa desigualdade de gênero também acontece no setor privado. Segundo o IBGE, 39,3% dos cargos gerenciais das empresas brasileiras são ocupados por elas.
Oásis
Levantamento do Jornal da Orla, junto às prefeituras da região, revela que a participação do sexo feminino em posições de comando acompanham, em maior ou menor grau, a proporção de mulheres do total da população brasileira – segundo o Censo de 2022, o país tem 51,5% de mulheres e 48,5% de homens.
Santos é a cidade com mais mulheres na liderança. Das 2.755 posições, 1.190 são ocupadas por elas (43,19%).
Em Guarujá, do total de 1.088 posições de secretarias, comissionadas e funções gratificadas, 62,31% são exercidas por mulheres, seguida por Itanhaém, com 62%.
Em Praia Grande, 310 das 586 chefias são ocupadas por mulheres (53%); em Bertioga, são 184 (55%) mulheres na gestão. Em São Vicente, são 43%.
Maioria feminina
Mongaguá, em termos proporcionais, é a cidade com mais mulheres no Poder Executivo municipal. São cerca de 70% (1.603 dos 2.309 servidores), entre concursados e comissionados. Em Santos, do total de 11.577 servidores, 7.474 são do sexo feminino, ou seja, 64,54%.
Em Bertioga, as mulheres representam 67,8% do total e, em Guarujá, 66,9%.
Diretriz ODS
Cubatão acaba de aprovar um projeto do Executivo estabelecendo que as empresas terceirizadas que prestam serviços aos órgãos públicos da cidade devem contratar, no mínimo, 35% de mulheres, sendo que 5% dessas vagas devem ser reservadas às vítimas de violência doméstica e/ou familiar.
O dispositivo atende diretriz dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), um conjunto de medidas que vem sendo adotadas em empresas e no setor público, buscando promover romper paradigmas que perpetuam desigualdades, violências e desrespeito ao meio ambiente.
Antes de Cubatão, apenas São Vicente havia estabelecido legislação neste sentido, reservando 30% dos cargos de confiança para as mulheres. A boa notícia é que, atualmente 43% destas posições são ocupadas pelo sexo feminino.
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