
Quem acompanha os resultados expressivos da equipe santista nas competições nacionais e que ainda vai ser a base da Seleção Brasileira no Campeonato Mundial de Singapura, pode pensar que esse investimento surgiu agora e ganhou força nos últimos anos, mas a história é bem mais longa.
No final dos anos 1960, um homem apaixonado pelo esporte e que sempre enxergou muito à frente do seu tempo, planejou uma forte equipe de natação: o nome dele era Milton Teixeira, um visionário que contribuiu muito com clubes e ligas esportivas de Santos. Exemplo, no auge do vôlei santista, do time dirigido pelo genial Roberto Douglas Machado e que contava com muitos craques, Milton também tinha um papel importante e viajava com a delegação santista como homem forte da Liga de Vôlei.
Milton também se destacou como dirigente do tradicional Clube Atlético Santista, e anos mais tarde, levou o Santos Futebol Clube à conquista do Paulistão de 1984. Voltando no tempo, no ano de 1969, ele começou a montar a equipe na primeira piscina da Universidade Santa Cecília. Foram fundamentais os primeiros treinadores do “Santa”, Manoel Rosseti, Moacyr Rebello dos Santos e Enio Faria.
Durante um tempo, a natação teve um recesso e voltou com os treinadores Otávio Vieira Abrantes, Roberto Guerra, José Eduardo de Andrade, o Zebra. Milton era tão a frente do tempo de todos que levou sua equipe de natação para uma excursão pela Europa. Tempos que o treinador era o Moa, que foi um nadador fantástico da Seleção Brasileira e que foi o técnico da Universidade nesta viagem da equipe santista.
Quem viajou foi um jovem Enio Faria, grande atleta, especialista no nado borboleta, que viraria outro treinador de primeira linha que comandou a própria Universidade. Em meados de 1980 surge uma figura importantíssima para a profissionalização da equipe: José do Carmo Neves Filho. A escolha de Zequinha mudou a equipe santista de patamar e, neste período, Rosa do Carmo José começou a fazer a parte burocrática do poliesportivo e ajudar o experiente Zequinha. Teve um ótimo professor e foi aprendendo sobre os bastidores da natação. “Foi um aprendizado extraordinário. Zequinha era um gestor fantástico, e eu, muito curiosa, ficava observando tudo que ele fazia.
Quando ele saiu, Doutor Marcelo Teixeira perguntou quem ele indicava para substituí-lo. Zequinha respondeu que eu poderia dar sequência no trabalho dele”. Rosa do Carmo, que tem 36 anos de dedicação a esse projeto vitorioso e viu Milton Teixeira na beira da piscina olímpica. “Estava sempre atento a tudo. Diariamente “passeava” no poliesportivo, dava muitas dicas, sempre com muita firmeza e respeito. Pensava muito rápido, sensacional, e jamais tirava a autoridade do filho Marcelo”.
A Unisanta foi crescendo na modalidade e outro nome foi responsável pelo crescimento da equipe: Márcio Latuf, que veio com Edson Eduardo Pegrussi que trabalhavam com outros profissionais. Curiosidade. Em todo o tempo, um esportista sempre atuante, Wilson Castro, o Bagdá, deu nome à piscina e fez de tudo pela Unisanta. Com a estrutura montada, a base veio forte e surgiram nomes que ficaram na história, Hugo Duppre, Ricardo Benasaiag, Lúcia Roseane dos Santos, Henriete Duppre, Zé Miyasiro, Fred Monteiro, Maria José Moreira, Shirley Rosa Falbo, Erika Torralbo Gimenez, entre tantos outros atletas que vieram daqui ou do interior de São Paulo. Rosa lembra que “foi um tempo de muito aprendizado, principalmente no que diz respeito ao trato com a Confederação e Federação. Eu tenho muita gratidão por trabalhar numa área que eu adoro. Muito orgulho e honra de ter tocado, interagido e influenciado positivamente na vida de muitos jovens que passaram por aqui”.
Já no período em que Marcelo Teixeira assumiu, o investimento cresceu e duas medalhistas olímpicas levaram o nome da equipe de Santos para o mundo, Ana Marcela Cunha e Poliana Okimoto. Agora, uma nova geração está aí, ganhando medalhas e escrevendo novos capítulos. A natação santista tem tanta tradição que merecia um livro, quem sabe a ser escrito pelo treinador Enio Faria, que sabe muitos detalhes e nunca para de pesquisar. Ele, com certeza, sabe como tudo começou na Unisanta e conhece bem a trajetória de Milton Teixeira, que sempre trabalhou para ter a melhor equipe do Brasil, conquistando títulos e medalhas olímpicas para a sua Universidade.
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