Política

Lideranças escalam guará na luta contra pátio na Ilha do Tatu

21/02/2025 Marco Santana
Lideranças escalam guará na luta contra pátio na Ilha do Tatu | Jornal da Orla

Lideranças políticas, principalmente de Cubatão, estão recorrendo a um aliado inusitado para que a instalação de um pátio de caminhões na Ilha do Tatu não se concretize: o guará-vermelho, uma ave típica dos manguezais da Mata Atlântica, que por um tempo imaginou-se estar extinto, mas tornou-se símbolo de preservação ambiental da cidade.

Os críticos ao projeto da Autoridade Portuária de Santos (APS), que prevê um pátio para 500 carretas, argumentam que o empreendimento coloca em risco os ninhos da ave, além de provocar outros danos à mata nativa e impactos a áreas urbanas vizinhas. No esforço de pressionar a APS a rever os planos, foi lançada ontem, na Câmara de Cubatão, a Frente Parlamentar em Defesa dos Ninhais dos Guarás-Vermelhos.

“A preservação dos Guarás-Vermelhos e da Ilha do Tatu é uma luta não apenas ambiental, mas social e econômica. Cubatão já foi conhecida como a cidade mais poluída do mundo e lutou muito para mudar essa imagem. É um fator essencial para a sustentabilidade da cidade e o bem-estar da população. Vamos seguir trabalhando para que continue assim”, afirma o deputado estadual Paulo Corrêa Jr, autor da proposta de criação da frente parlamentar.

Segundo ele, a frente parlamentar busca discutir uma opção mais viável para sediar o pátio de caminhões, ouvindo autoridades, moradores e especialistas em preservação ambiental.

“A maior reclamação é justamente a falta de diálogo da Autoridade Portuária com a população. Como deputado, tenho a responsabilidade de escutar e lutar pelo que a sociedade deseja. Hoje, o que eu escuto é um ‘não’ para esse empreendimento, e se é isso que a população quer, eu estarei brigando para que não aconteça, e trabalhando para encontrar soluções alternativas”, afirmou Corrêa Jr.

O prefeito de Cubatão, César Nascimento (PSD), defendeu o equilíbrio do desenvolvimento econômico com qualidade de vida: “Como o solo suportaria o aumento do tráfego de caminhões e quais seriam as consequências para a saúde da população com a circulação diária de mais de mil veículos pesados próximos às residências? Embora Cubatão tenha a indústria como um dos pilares de sua economia, não nos resumimos só a isso, temos belezas naturais exuberantes e pessoas. Respeite meu povo porque ele merece respeito, o que buscamos hoje aqui é o diálogo”, explica o chefe do executivo.

No evento, os presentes manifestaram apreensão quanto aos congestionamentos que vão ocorrer na região e reclamaram da falta de espaço para a participação da comunidade no debate.