
A inadimplência, em Santos, está em alta por sete meses consecutivos, segundo dados da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) Santos-Praia. Os números são baseados no levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). No mês passado, houve aumento de 1,34% no número de devedores. Em fevereiro, o índice foi de 0,79%.
A alta em Santos ficou acima da média da região Sudeste, que registrou 1,20%, e, abaixo do índice nacional, que chegou a 1,54%. No comparativo anual, entre março de 2025 e março de 2024, a cidade apresentou queda de 0,62% na inadimplência. No mesmo período, a região Sudeste teve alta de 2,16% e o Brasil apresentou crescimento de 3,89%.
Para o presidente da CDL Santos-Praia, Nicolau Miguel Obeidi, o cenário é preocupante, “com os alimentos cada vez mais caros, as pessoas estão tendo dificuldades para pagar as contas”.
Ele afirma também que o problema atual do comerciante com a inadimplência crescente é a queda no movimento. Como o poder de compra diminui, isso reflete nas vendas. “Hoje, as pessoas estão racionando até para supermercado, muitas estão com o cartão estourado, ou então tem gente que espera virar o cartão para poder comprar”.
PERFIL
A maior incidência de inadimplentes em Santos se encontra na faixa etária de 50 a 64 anos, representando 24,22% do total. Quanto ao sexo, há 52,44% de mulheres e 47,56% de homens entre os devedores.
No mês passado, cada consumidor negativado na cidade acumulava, em média, dívidas de R$ 5.962,75. A pesquisa detalha que 23,47% dos consumidores tinham até R$ 500 em débitos, 12,27% deviam entre R$ 500,01 e R$ 1.000, 19,21% entre R$ 1.000,01 e R$ 2.500, 22,92% entre R$ 2.500,01 e R$ 7.500, e 22,13% acima de R$ 7.500.
Ainda de acordo com o estudo levantado, aproximadamente 40,27% dos inadimplentes permanecem com dívidas entre um e três anos.
CRESCIMENTO
Na comparação com fevereiro de 2025, o número de dívidas cresceu 2,14% em Santos, 1,74% no Sudeste e 2,05% no Brasil. Em números absolutos, cada pessoa inadimplente no município apresentava, em março, média de 2.197 dívidas em atraso. Esse índice ficou abaixo da média da região Sudeste, que atingiu 2.231 dívidas, e acima da média nacional, que foi de 2.158.
O setor bancário responde por 82,01% das dívidas em atraso em Santos, seguido pelos setores classificados como outros (8,08%), comunicação (3,96%), água e luz (3,46%) e comércio (2,49%).
IMPACTO EMPRESARIAL
No setor empresarial, a advogada especializada em Direito Tributário, Mayra Saitta, explica que a inadimplência impacta diretamente o fluxo de caixa das empresas, afetando o cumprimento das obrigações fiscais e tributárias.
“Mesmo sem receber dos clientes, o empresário continua obrigado a recolher tributos como ICMS, PIS, COFINS, IRPJ e CSLL. Isso pode gerar acúmulo de dívidas tributárias e sujeitar a empresa a multas, juros e ações de execução fiscal”, afirma a advogada.
Ela ainda ressalta que o principal risco é a inscrição em dívida ativa e a consequente execução fiscal, que pode resultar em penhora de bens, bloqueio de contas bancárias e até o redirecionamento da cobrança para os sócios, “para evitar isso, o ideal é manter uma contabilidade organizada, fazer um planejamento tributário anual e, em caso de dificuldade, buscar imediatamente a renegociação dos débitos”. n
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