Fronteiras da Ciência

Diplomacia

17/05/2024
Diplomacia | Jornal da Orla

Eles estavam casados há anos. Nádia, a esposa, era caprichosa, amorosa e dedicava-se a manter a casa como um verdadeiro lar.

Apreciava que as coisas estivessem em seus lugares, evitando bagunça e desarranjos.

No entanto, o marido deixava tudo fora do lugar. Quando precisava de algo, perdia um tempo enorme procurando.

Quando ele precisava sair, não sabia onde deixara as chaves. Na hora do banho, não lembrava onde largara a toalha.

Nádia pedia com delicadeza que procurasse dar a cada coisa seu devido lugar, poupando-lhe tempo e estresse.

Nada o fazia alterar sua conduta. Então, certo dia, quando ao jantar, ele lhe perguntou como fora seu dia, ela respondeu:

Foi maravilhoso. Passei as horas a conversar com as coisas.

Com as coisas? Que coisas? Você está endoidecendo?

Não -continuou ela sorrindo. –Estou muito bem. Acontece que cada coisa que eu recolhia falava comigo.

-Por exemplo, o chinelo me disse que estava triste porque fora deixado no meio da sala e não sabia onde estava o seu parceiro.

-O sapato, aproveitando a deixa, disse que ele também gostaria de estar ao lado dos demais calçados, na sapateira.

-Quando fui recolher os copos espalhados pela casa, ouvi deles muitas queixas.

-O jornal, então, reclamou que estava todo despedaçado.

-Os livros, por sua vez, suspirando, disseram que gostariam muito de ficar na estante.

-As chaves confessaram que dão muitas risadas quando são procuradas.

-Então, querido, como vê, todas as coisas falaram muito comigo, hoje. E eu as ouvi, uma a uma, colocando todas nos seus devidos lugares.

O marido ouviu tudo atentamente.

Sua esposa era uma pessoa incrível. Encontrara uma forma especial de lhe chamar a atenção. Sem agredir, sem reclamar. Ao contrário, de uma maneira criativa e terna.

Rendeu-se ao apelo amoroso e disse ao final:

-Entendi, querida, prometo que serei mais cuidadoso, de hoje em diante. Vou me esmerar para colocar tudo no seu lugar certo.

[com base em texto de Dorothy J. Abib e na Red. do Momento Espírita]

Podemos aproveitar essa estória para pensarmos em como resolver questões que, por vezes, nos irritam, usando de diplomacia.

Usar a criatividade, não perder a amorosidade, falar no momento próprio, num diálogo descontraído e salutar.

Quando chamamos a atenção de um filho, do cônjuge, de um companheiro de trabalho, vejamos como podemos fazê-lo sem criar desajustes, situações constrangedoras ou até antipatias.

 

Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete a linha editorial e ideológica do Jornal da Orla. O jornal não se responsabiliza pelas colunas publicadas neste espaço