por Mirian Ribeiro

Na ponta sul do litoral paulista, o Vale do Ribeira é um destino ainda pouco explorado, com belas paisagens –praias, rios, cachoeiras, cavernas e até dunas – e uma gastronomia saborosíssima, que aproveita os alimentos que o mar e a terra oferecem, mesclando a autêntica cozinha caiçara aos sabores da roça. Para apresentar esta genuína culinária, o Vale do Ribeira foi escolhido para abrir a temporada 2025 do programa Sabor de SP, uma iniciativa da Secretaria de Turismo e Viagens do Estado (Setur), em parceria com o Mundo Mesa e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) de valorização da gastronomia de diferentes regiões de São Paulo.

Peixes e frutos do mar frescos, palmito, chá, cachaça e frutas tropicais (principalmente banana) são a base desta alimentação que harmoniza com a vida simples e tranquila das pequenas cidades e a hospitalidade de seus moradores. Soma-se a isso a arquitetura histórica de cidades como Cananéia e Iguape para tornar o passeio ainda mais atraente.

Confira os endereços que foram selecionados pelo Sabor de SP para representar a cultura gastronômica do Ribeira, entre pequenos produtores locais e restaurantes de pratos típicos.

Rancho Sertanejo – Juquiá

A rota Vale do Ribeira começa na área rural de Juquiá, onde encontra-se o Rancho Sertanejo e a deliciosa comida preparada no fogão à lenha por Roseli Cordeiro, que usa muito palmito e banana em suas receitas de moquecas, cuscuz, pães, bolos … O visitante também pode usufruir de pesca esportiva, trilhas e cavalgada.

Restaurbar, Quilombo de Mandira – Cananéia

Cerca de 80 famílias vivem da extração de ostras cultivadas na antiga comunidade quilombola, na zona rural de Cananéia. As ostras – servidas cruas, gratinadas, na farofa, com arroz e palmito -, os mariscos, caranguejos e peixes frescos são a base do Restaubar, comandado pela família Coutinho. Enquanto saboreia, o visitante pode se refrescar em uma pequena piscina com água corrente de cachoeira.

Cachaça J. Rios – Cananéia

Cachaças infusadas com frutas, ervas e especiarias são a especialidade da casa, o mais antigo comércio de Cananéia, criado pelo pai de Perla Rios, que hoje toca o empreendimento. São mais de 100 sabores, com a preferência do público para banana, goiaba e cataia, uma planta típica da região.

Restaurante na Canoa – Cananéia

A curiosa ostra com pérola de ovas é uma das criações deste restaurante, no centro histórico de Cananéia. A tal pérola é, na verdade, a ova de bagre branco obtida apenas em curto período do ano e, por isto mesmo, tão valorizada. A criação é do chef Patrick San, que só trabalha com peixes frescos que, muitas vezes, ele mesmo pesca.

Restaurante Panela Velha – Iguape

Simplesmente esplêndida a cozinha deste tradicional restaurante no centro histórico de Iguape, em uma casa restaurada de 1870. São receitas transmitidas por gerações na família de Chris Vanney Lima, que valorizam produtos e pescadores locais. Destaque para a moqueca de siri e filé de robalo empanado, acompanhado de palmito grelhado.

Restaurante Manjuba & Cia – Ilha Comprida

No restaurante à beira do rio Ribeira, no norte da Ilha, a decoração se integra à paisagem para compor um cenário paradisíaco, mas o maior diferencial vem das mãos da chef Silvana Amorim. Entre suas especialidades o casadinho de manjuba (dois peixinhos unidos por recheio de camarão e empanados) e o Secretos do Mar, um escondidinho com mandioquinha, camarão e catupiry, acompanhado de palmito grelhado.

Pousada Rural Ouro Verde – Eldorado

Ponto de parada para quem visita a famosa Caverna do Diabo, a propriedade de Arlete e Santino de Borba oferece hospedagem, almoço com comida caseira e um delicioso café da manhã com a marca da dona, que se especializou em doces, bolos e pães feitos com frutas da fazenda. São cerca de 50 variedades de frutas tropicais, mas a banana é o carro-chefe, com mais de 100 mil pés plantados.

Coopera Agro Floresta – Barra do Turvo

A cooperativa investe no beneficiamento de frutas e hoje é a fonte de renda de cerca de 80 famílias diretamente envolvidas no trabalho, além dos pequenos produtores que fornecem a matéria-prima para o preparo de derivados de banana, goiaba, jabuticaba, acerola, cajá-mirim, farinhas, polpas e outros alimentos orgânicos.

Centro de Envolvimento Agroflorestal – Barra do Turvo

A rusticidade da vida rural é a característica da propriedade de Pedro Oliveira Souza, somente alcançada por barco ou tirolesa para cruzar o rio. O lugar é farto na produção de frutas tropicais, comercializadas in natura e com valor agregado, como licores e doces. O almoço é um autêntico banquete na roça, com carnes de búfalo e de porco, farofas, legumes, verduras e peixes pescados no rio que corta o terreno.

Vale das Pupunhas, Palmitolândia – Iporanga

A imaginação de Anna Gabriela Araújo e Fábio Braga parece não ter fim quando se trata de criar receitas à base de palmito. São combinações inusitadas e de resultados surpreendentes, como bombocado, sushi, quibe, lasanha, ceviche e até sorvete de palmito, que lembra o sabor do milho verde. O Vale das Pupunhas tem mais de 150 mil pés da palmeira e está aberto à visitação e degustação.

Innsbruck Cervejaria – Jacupiranga

O estabelecimento de Ronaldo Kindlemann, aberto em 2019, foi a primeira cervejaria artesanal do Vale do Ribeira. A marca oferece quatro tipos da bebida em uma casa na praça matriz de Jacupiranga. O imóvel do século 19 foi restaurado e recebeu uma ambientação que remete aos tradicionais pubs.

Churrascaria Ongarato – Jacupiranga

Foi uma das primeiras a trabalhar com sistema rodizio de carne, iniciado na década de 60 para atender os romeiros que seguiam para a festa de Bom Jesus de Iguape, cidade vizinha. Destaque para a polenta frita, com casquinha crocante e cremosa por dentro.

Sitio Shimada – Registro

Registro tem forte influência da colônia japonesa que ali se instalou no começo do século passado e durante muito tempo a cidade foi referência no cultivo de chá. O setor entrou em crise na década de 90, mas a família Shimada resistiu e hoje, em seu sítio, planta e manipula o chá 100% artesanal e orgânico, que é comercializado nos tipos preto, branco e verde.

Fazenda Green Buffalo – Registro

Às margens da Rodovia Regis Bittencourt, a Fazenda funciona como restaurante, hamburgueria e empório, comercializando palmito cultivado livre de conservantes e agrotóxicos, cortes nobres e derivados de leite de búfalos de criação própria. O banoffee de banana com doce de leite é um dos doces de maior sucesso.

Rosilene de França – Apiaí

Os pastéis de farinha de milho de Rosilene já viraram patrimônio cultural da pequena cidade de Apiaí, que está na rota dos que se aventuram pela Serra do Rastro da Serpente, uma estrada com mais de 1.200 curvas que liga São Paulo a Curitiba. A iguaria é recheada de carne, legumes e outros ingredientes.